CIDADE

Maringá é primeiro lugar no Brasil no Programa Saneamento Para Todos

Município teve mais de 5 mil concorrentes e receberá R$ 15 milhões para melhorar o gerenciamento dos resíduos sólidos.

Depois de concorrer com mais de 5 mil cartas consulta de todo o Brasil, Maringá foi a primeira classificada pelo Programa Saneamento Para Todos, um projeto do Ministério das Cidades, por meio da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental, e receberá R$ 15 milhões para incrementar as ações que visam dar destinação ao resíduo sólido do município.

A verba será disponibilizada pela Caixa Econômica Federal com recursos do Banco Mundial FGTS e possibilitará o uso de tecnologias adequadas para cada tipo de resíduo.

Maringá concorreu no módulo Resíduos Sólidos e atingiu a maior pontuação de todos os municípios, em todas as categorias, ao chegar a 7,8 pontos.

Os municípios que pontuaram na seqüência de Maringá foram Maceió (AL), Iguaba Grande (RJ), Campina Grande (PB), Governador Valadares (RJ), Teófilo Otoni (MG), Belo Horizonte (MG), Santo Ângelo (RS), Rio Branco (AC) e Alfenas (MG), sucessivamente.

As ações do município serão feitas por meio do Plano de Gerenciamento Integrado e Sustentável dos Resíduos Sólidos Urbanos do Município de Maringá ­ PGIRS.

Hoje o maior problema de saneamento da cidade diz respeito ao lixão, que ao longo de seus 34 anos nunca foi solucionado pelas administrações anteriores.

O lixão recebe, diariamente, 326,95 toneladas de lixo por dia, somente na coleta convencional.

Desse total, 65% é lixo orgânico, 22% é reciclável e 13% é rejeito, que não pode ser reaproveitado.

Somada à coleta convencional, Maringá produz, diariamente 848,79 toneladas de lixo, saídas também de varrição, resíduos sépticos e resíduos de construções e demolições.

A soma de todas as modalidades de lixo rendem ao maringaense a produção de 2,66 quilos de lixo por habitante ao dia.

O grande problema é que além do lixo que não é tratado, o lixão recebe diariamente mais de 100 catadores que vão ao local garimpar produtos recicláveis como maneira de ganhar a vida, a despeito das sete cooperativas regulamentadas em Maringá.

Ainda assim, as cooperativas são responsáveis pela reciclagem de apenas 3% do lixo seco.

As ações previstas com a verba deverão melhorar a situação do saneamento da cidade.

Para isso, mais do que resolver o problema do lixão, haverá um programa social para auxiliar as pessoas que vivem dele.

Os catadores serão cadastrados e será feito um trabalho de recuperação da auto-estima, capacitação com orientação das formas adequadas de reciclagem, e da importância de organização.

De acordo com a gerente operacional da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Agricultura, Sonia Moreira Molina Sapata, os catadores serão orientados a respeito da importância sanitária da questão.

"Eles serão esclarecidos sobre a vida insalubre que vivem no lixão e capacitados para trabalhar com reciclados de maneira que não prejudiquem sua qualidade de vida, voltando a se inserir no contexto social", assegura.

Sonia conta que o início do trabalho será feito com a otimização da coleta seletiva do município.

Hoje a área de cobertura da coleta seletiva não ultrapassa os 30% da área de Maringá.

A intenção é fazer uma campanha de conscientização, a "Maringá Recicla", e atingir o município todo.

Com isso, a área degradada do lixão será recuperada e operacionalizada como aterro controlado.

O índice de recicláveis que deixarão de ir para o aterro controlado deverá subir para cerca de 10% no final do primeiro trimestre de trabalho, o que reduzirá bastante o impacto ambiental.

Esse índice corresponde a creca de 15 toneladas diárias de recicláveis.

Na área de coleta seletiva, serão comprados equipamentos e haverá implantação de centrais integradas de recebimentos de volumes.

Os resíduos orgânicos, que representam a maior parte do lixo de Maringá também terão destinação adequada.

Para isso, serão instaladas usinas de compostagem de resíduos orgânicos que transformarão o lixo em adubo.

"O material será analisado e o que for compatível com a agricultura irá para as lavouras.

O que não puder ser usado na agricultura irá para as plantas ornamentais", revela Sonia.

A varrição também será incrementada.

Hoje a varrição é rotativa e feita em grupos.

Com a implantação do Plano, ela deverá ser otimizada e intensificada, e cada varredor ficará responsável por um trecho.

Dessa maneira, a gerente acredita que o serviço à população será melhorado.

A melhora da coleta convencional de lixo também será priorizada para a população.

Hoje o sistema de coleta opera em regime forçado.

De acordo com Sonia o ideal seria que o município contasse com uma frota de 15 veículos operando e mais quatro de reserva, porém a realidade é outra.

A coleta tem sido feita com apenas oito veículos.

A verba, porém, possibilitará que novos equipamentos e veículos sejam adquiridos.

Outra das ações previstas pelo Plano é o gerenciamento de Resíduos de Construções e Demolições ­ RCD e volumosos, que normalmente apresenta resíduos como móveis velhos.

Para isso, serão construídas seis Centrais de Recebimento Voluntário ­ Cerv´s, para onde serão encaminhados os resíduos.

As Centrais já possuem, inclusive, 14 contêiners metálicos e um caminhão papa-entulho ajustado para duas caçambas metálicas de cinco metros cúbicos cada.

Nessas Cerv´s será recebido qualquer tipo de resíduode responsabilidade do gestor público, inclusive recicláveis.

A coleta no local será apenas para carroceiros e veículos de até dois metros cúbicos.

"Receberemos os resíduos de forma organizada, com controle de peso e volume", destaca a gerente.

O material recebido nessas Centrais será remanejado para outras duas centrais maiores, chamadas Central de Processamento de Agregado Reciclável ­ Cepare, onde receberá a destinação adequada.

Os processos, em ambas as Centrais, serão interligados e informatizados, para maior controle de entrada e saída de volumes.

Por fim, o Plano contempla ações para gerenciar os resíduos tóxicos, radioativos e similares por meio da tecnologia do plasma molecular.

A decomposição molecular permite que todo tipo de lixo seja processado e transformado em energia.

Pmm