A exposição “Concreto Abstrato”, do artista plástico Rogério Carniato, está aberta no Museu de História e Artes Hélenton Borba Côrtes até o dia 29 de julho. A mostra faz parte do Convite às Artes Visuais e reúne 14 obras que expõe o conceito da vida urbana e a relação que existe entre o concreto dos prédios e o abstratos dos sentimentos de cada um. O museu fica localizado no interior do Teatro Calil Haddad, e a entrada é gratuita. A exposição discute os grandes complexos habitacionais, cada vez maiores e com residências cada vez menores, caros financeiramente, e onde prevalece o padrão estético engessado, distante da natureza, cinza e que pouco fala da identidade de cada um. O trabalho é uma representação abstrata do concreto (real, existente, verdadeiro), mas também da mistura (cimento, areia e pedra), massa base utilizada desde a Roma antiga, base das casas, representada nas obras através de pequenos pedaços de madeira, ferro e tinta.
“As edificações criadas nas obras representam as cidades, mas também a casa de cada um de nós, do sonho material de se apropriar de um espaço, da ′casa própria′, que é um signo de sucesso e de tranquilidade, mas que cercado pela miséria e pelo distanciamento social entre classes se transforma em uma prisão com grades, fios eletrificados, câmeras, onde o medo do externo faz com que cada Lar se torne uma fortaleza”, explica o artista. “Vivemos presos e acuados com medo do outro, em um contrasenso, pois viver em uma cidade deveria ser um espaço de troca com as outras pessoas”, pontua. Através de uma plástica confusa e rebuscada as obras exprimem o desejo das pessoas de estar em um mesmo lugar e o crescimento desordenado e insustentável das cidades, o movimento celetista que expulsa as pessoas mais pobres para as periferias através da especulação imobiliária, a falta de planejamento urbano, a falta de política social. A intenção é provocar o observador a olhar o outro lado, ângulos que não estamos acostumados a olhar, suscitado questões: Onde queremos viver? Como queremos viver? Qual o destino que queremos para nossas Cidades? Nosso Lar é mesmo um Doce lar, mesmo fechado por “mil” chaves? “Assim a exposição é um retrato plástico do que nos tornarmos, prisioneiros em prisão domiciliar, mas com o intuito de instigar a mudança através da arte, revivendo o espírito de liberdade que existe em cada um de nós”, finaliza.