O projeto Convite ao Teatro, apresenta nesta sexta-feira (3), o espetáculo “La Trapera”, com direção e adaptação de texto de Márcia Costa, às 20h30, no Teatro Barracão. Esta é a primeira de três apresentações do espetáculo dentro do projeto, que tem entrada gratuita. A orientação é que os convites sejam retirados 30 minutos antes do início da apresentação na bilheteria do teatro. A peça tem aproximadamente 1 hora de duração e a classificação é de 12 anos. “La Trapera” é um projeto idealizado pela atriz Márcia Costa, que se propôs a dirigir a contação de histórias das jovens atrizes Bárbara Bittencourt, Estela Moreira, Kemmy Yot e Kênia Bergo. Ao serem convidadas para o projeto, cada uma escolheu sua história isoladamente mas, ao apresentarem suas escolhas, constatou-se que todas passavam por um tema comum: a liberdade e, em particular, a liberdade das mulheres. As personagens tentam, na medida do possível, viver de forma harmoniosa em um universo criado por elas, cercado de contos antigos, chazinhos reconfortantes e canções populares.
Personagens e históriasMárcia Costa é Nazaré, a narradora, e também dá vida à velha La Trapera, personagem que interliga as histórias. La Trapera é conhecida como “aquela que sabe”, “o rio abaixo do rio”. Aquela que recolhe histórias de seus antepassados, principalmente as que correm o risco de se perderem para o mundo e as repassa para as criaturas mais jovens. Ela também é colecionadora de ossos e quando consegue recolher um esqueleto inteiro, depois de muito cantar tem o poder de fazê-lo voltar à vida!
Bárbara Bittencourt é Luanda e conta a história “O caçador de borboletas”, do escritor angolano José Eduardo Agualusa, que gentilmente autorizou a montagem. Esta é a história de Vladmir, um garoto que ganhou de seu pai um equipamento para caçar borboletas. Apesar de toda a sua empolgação e felicidade ao ganhá-lo, uma espécie de borboleta muito linda e luminosa lhe conta uma história de como surgiram esses insetos coloridos. Vladmir aprende que não podemos guardar tudo que admiramos dentro de caixas. Apesar das borboletas terem uma vida curta, a beleza delas é para ser apreciada no ar durante o tempo em que voam, como um presente efêmero. “O Caçador de Borboletas” é um conto sobre opressão e liberdade.
Kênia Bergo é Danna e traz “Entre as folhas do verde O”, de Marina Colasanti. Esta é a história de um ser encantado da floresta, metade mulher, metade corça. Quando o príncipe a vê em uma de suas caçadas, encanta-se por ela e para tê-la com ele, a captura e a leva para o palácio. Os dois se apaixonam, porém a corça não fala a língua do reino, somente a língua da floresta e, sendo assim, não conseguem se comunicar e nem dizer o amor que sentem um pelo outro. O príncipe pensa que sabe o que a corça-mulher deseja e chama o feiticeiro, que a transforma em uma mulher completa. Assim que acorda e vê que perdeu sua liberdade e a sua metade selvagem, ela aprende a andar com as duas pernas e sai para a floresta em busca da sua rainha, que a transforma de volta, mas agora apenas como corça.
Kemmy Yot (nome artístico de Hellen Yotani) é Matiuska e escolheu o clássico “Os sapatinhos vermelhos”, de Hans Cristian Andersen, história de domínio público. Uma pobre órfã que consegue seu primeiro par de sapatos costurando os trapos vermelhos que encontra pelo caminho é adotada por uma senhora muito rica. A menina perde toda a sua liberdade e perde também os adorados sapatos costurados por suas próprias mãos, que são jogados no fogo, onde são reduzidos a cinzas. Ela passa os dias suspirando pelos seus velhos sapatos vermelhos, até que é levada a um sapateiro para escolher um par de sapatos especiais para sua crisma. Eis que a menina fica encantada por reluzentes sapatos vermelhos e, mesmo sabendo que são inapropriados para ir a igreja, escolhe-os. A menina recebe muitos avisos e olhares reprovadores, no entanto, passa a ficar cada vez mais encantada pelo sapato. O sapato, por sua vez, seduz cada vez mais a menina até tomar conta dos seus pés numa dança terrível e sem fim.
Estela Moreira é Lea e apresenta o conto grego “Baubo, a deusa do ventre”, também de domínio público. Este conto é um dos únicos, se não o único, que faz referência à deusa da obscenidade. Conta a história de Deméter, a mãe-terra, que tem sua filha Perséfone raptada por Hades, o deus dos infernos. Deméter sai em busca de sua filha por todos os cantos da Terra, mas perde as forças depois de muita procura sem sucesso. Quando desiste, chega até ela Baubo, que, com seu jeito mágico e sensual, traz de volta a alegria de Deméter e lhe dá forças para continuar sua busca e finalmente encontrar sua filha.
Sobre Cenário e FigurinoCada atriz desenhou seu figurino e confeccionou manualmente seus adereços, dando à montagem um caráter artesanal e coletivo, uma vez que todos participaram da criação e concepção do espetáculo como um todo. Cada personagem possui uma cor, estampada nos tecidos tingidos usados para o figurino e nos objetos de cena. Em comum, sapatinhos vermelhos decorados com retalhos. As atrizes possuem, também, uma caixa de madeira de onde saem as histórias, ou melhor, os objetos utilizados para a contação. As histórias são contadas com o auxílio de lenços, máscaras, lanternas, entre outros objetos.
Concepção cênicaAs atrizes recebem o público oferecendo chás variados. Cada personagem tem seu sabor de chá, armazenado em garrafas especialmente decoradas. O espetáculo é bastante musical. Diversas canções de domínio público foram selecionadas para serem executadas ao vivo pelo elenco, utilizando violão, tambor, escaleta e chocalhos. A direção musical é assinada pelo músico Rafael Morais. Cada história dura entre dez e quinze minutos. São entremeadas de músicas e interligadas pela personagem “La Trapera”, que conversa com a plateia.
Ficha TécnicaDireção e adaptação de texto: Márcia CostaElenco: Bárbara Bittencourt, Estela Moreira, Kemmy Yot, Kênia Bergo e Márcia Costa.Direção Musical: Rafael MoraisCenário e figurino: o grupoCostureira: Maria de Lourdes AmaralConfecção de peruca da velha: Danilo FurlanAdereços: o grupo, inspirados no grupo Sons do Cerrado de Minas GeraisProdução, Assessoria de imprensa e fotos: Rachel Coelho