LITERATURA

Fenômeno da literatura nacional lança livro em Maringá.

Quando o século XX raiou, o tecido da realidade, a barreira mística que separa os mundos físico e espiritual, adensou-se. Os novos meios de transporte, as ferrovias e os barcos a vapor levaram o progresso aos cantos mais distantes do globo, pervertendo os nódulos mágicos, afastando os mortais da natureza divina, alargando as fronteiras entre o nosso mundo e as sete camadas do Céu.

Isolados no paraíso, incapazes agora de enxergar o planeta, os malakins, responsáveis por estudar os movimentos do cosmo, solicitaram a ajuda dos “exilados”, anjos pacíficos, que há anos atuavam na Terra. Sua tarefa, a partir de agora, seria participar das guerras humanas, de todas as guerras, para anotar as façanhas militares, o comportamento das tropas e depois relatá-las aos seus superiores alados.

Disfarçados de soldados comuns, esse grupo esteve presente desde as trincheiras do Somme às praias da Normandia, dos campos de extermínio nazistas às selvas da Indochina e ao declínio da União Soviética. Embora muitos não desejassem matar, era isso o que lhes foi ordenado, e o que infelizmente acabaram fazendo.

Com esse enredo, o escritor Eduardo Spohr vem a Maringá lançar o livro “Filhos do Éden - Anjos da Morte” (Verus Editora, 592 pág., R$ 39,90) e conversar com os leitores. O evento será nesta quinta-feira (dia 27), às 19h30, na Livrarias Curitiba do Maringá Park Shopping Center.

Pesquisas históricas

Carregado de batalhas épicas, magia negra e personagens fantásticos, Filhos do Éden - Anjos da Morte é também um inquietante relato sobre o nosso tempo, uma crítica à corrupção dos governos, aos massacres e extremismos, um alerta para o que nos tornamos e para o que ainda podemos nos tornar.

Para chegar à riqueza de detalhes descritas na obra, Spohr leu alguns clássicos da literatura de guerra e visitou lugares históricos do xadrez da Segunda Guerra Mundial: entrou em bunkers na Normandia, visitou o Museu dos Inválidos e o Bosque de Bolonha, em Paris. Também esteve em Nova York para conhecer alguns lugares que ficaram marcados pelos protestos contra a Guerra do Vietnã. Elementos da cultura pop, em especial as músicas de cada época, ajudam o leitor a mergulhar na história de Anjos da Morte.

Nerd assumido

Quando se entra no escritório do escritor carioca Eduardo Spohr, não restam dúvidas que se trata do recanto de trabalho de um nerd. Uma coleção de centenas de bonecos dos personagens de Guerra nas Estrelas, criaturas medievais e seres mitológicos dividem espaço com livros de literatura de fantasia. Até chegar ao cômodo, no entanto, o visitante depara-se com outra paixão de Spohr: a Segunda Guerra Mundial. Pôsteres que retratam alguns de seus principais personagens, como o primeiro ministro inglês Winston Churchill, decoram a parede acima do sofá.

Em seu terceiro e aguardado livro, o principal expoente da literatura de fantasia no Brasil com mais de 500 mil exemplares vendidos concilia o universo nerd e o da guerra. Continuação da trilogia Filhos do Éden, essa nova obra é definida pelo próprio autor como um livro de fantasia histórica. “O protagonista é um anjo que tem como missão acompanhar e relatar a degradação humana”, conta Spohr.

O pano de fundo desta nova saga povoada por querubins, serafins e outros seres celestiais são as guerras do século XX. Nas páginas iniciais de Anjos da Morte, o desembarque nas praias da Normandia pelas tropas aliadas é descrita com um realismo pujante. A temperatura e a umidade dentro dos destroyers que avançam em direção a Omaha deixam uma sensação de desconforto. É possível sentir o balanço das ondas no casco da embarcação momentos antes da furiosa reação alemã. Desta forma, o leitor é transportado para o campo de batalha e avança na companhia do anjo.

É possível entender a razão do sucesso das narrativas de Eduardo Spohr, que pertence a um seleto grupo de escritores nacionais: ele é um dos poucos que frequentam o topo da lista de mais vendidos na categoria nacional.

Serviço:

Lançamento do livro “Filhos do Éden – Anjos da Morte”, bate-papo e sessão de autógrafos com o escritor Eduardo Spohr; dia 27, às 19h30, na Livrarias Curitiba do Maringá Park Shopping Center. A entrada é franca, mas para garantir as dedicatórias, é preciso retirar uma das 300 senhas gratuitas em qualquer uma das duas lojas da Livrarias Curitiba.