O Governo do Paraná entregou nesta segunda-feira (09/07) ao Comitê Paraolímpico Brasileiro 400 bolas de futebol com guizo para cegos, que foram produzidas por detentos do regime semiaberto e serão utilizadas nos jogos oficiais das Paraolimpíadas 2012, em Londres (Inglaterra), de 29 de agosto a 9 de setembro.A bola foi desenvolvida no Paraná pelo técnico do Comitê Paraolímpico Brasileiro Mário Sérgio Fontes e por Roberto Canto, funcionário do Departamento Penitenciário do Paraná (Depen/PR) que coordena o projeto “Pintando a Cidadania”, em São José dos Pinhais. É reconhecida como a única oficial para o futebol de cegos pela Federação Internacional de Esportes para Cegos (IBSA - International Blind Sports Federation).Estão envolvidos na produção das bolas 71 detentos de três unidades do sistema penitenciário paranaense: Penitenciária Central do Estado (Piraquara), Penitenciária Estadual de Piraquara II e Casa de Custódia de São José dos Pinhais.“É o resultado de uma parceria que envolve o Poder Judiciário, os executivos estadual e municipal e a comunidade, beneficiando os atletas que necessitam dessa bola para a prática esportiva e pessoas que um dia cometeram um delito, mas que têm o direito a uma oportunidade de ressocialização e reinserção social por meio da profissionalização”, disse a secretária da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Maria Tereza Uille Gomes.Segundo Mário Sérgio Fontes – que recebeu as bolas representando o Comitê Paraolímpico Brasileiro –, está sendo firmado entre a Secretaria da Justiça e o Comitê Paraolímpico Brasileiro um acordo que estabelece a produção anual de 3 mil bolas com guizo por apenados do Sistema Penitenciário do Paraná, para uso em competições oficiais nacionais e internacionais reconhecidas pela IBSA.
Para Fontes, o projeto “Pintando a Cidadania” marca um novo momento no esporte para cegos. “Além de fornecer o material para as Paraolimpíadas de Londres, enviaremos bolas com guizo, a partir de agora, para 100 países que necessitam delas para a prática dessa modalidade esportiva”, informou.PROJETO – O projeto Pintando a Cidadania funciona em São José dos Pinhais, num espaço cedido pelo Poder Judiciário, que encaminha para lá pessoas que recebem penas alternativas. Para o juiz Ricardo Augusto Reis de Macedo, esse projeto é o início da realização de um sonho.“A produção das bolas é a primeira etapa do projeto. Estamos estabelecendo parcerias para a produção de bolsas e roupas esportivas, além de outras iniciativas, que permitirão ao apenado um espaço importante para o seu aprendizado profissional e a sua ressocialização”, destacou.“Eu agarrei essa oportunidade e não vou perder a chance de arrumar uma profissão, porque sou pai de família e quero ter a minha liberdade de volta. E com um trabalho tudo fica mais fácil”, afirma J. P. que, após cumprir seis anos de prisão emregime fechado, teve o benefício do regime semiaberto e é um dos envolvidos na produção de bolas com guizo no projeto. “É um orgulho saber que o que estamos fazendo aqui será usado nas Paraolimpíadas em Londres”, disse ele.A representante do Ministério Público, Márcia Isabele Graf Beninca, disse que o projeto possibilita o acompanhamento do detento, o que é fundamental na implantação de penas alternativas, que só terão eficácia se forem orientadas e cobradas. “Com o projeto, os apenados recebem orientação permanente e têm a possibilidade de se profissionalizarem ao mesmo tempo em que desenvolvem um trabalho social. Ganham eles, ganham os que se beneficiam desse trabalho e ganha a sociedade, que terá de volta uma pessoa reabilitada para o convívio social”, afirmou.