SAÚDE

Saúde detalha resultados da causa do surto

O relatório final de investigação sobre o surto de intoxicação alimentar ocorrido durante a realização do Projeto Fera, no período de 20 a 25 de julho, no Parque Internacional de Exposições, em Maringá, concluiu que o arroz consumido no jantar do dia 23 (quinta-feira) foi o alimento causador do surto de gastroenterite em estudantes que participavam do evento.

De acordo com o relatório divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde, ficou confirmado, por critério clínico-epidemiológico, que o "Bacilus cereus" foi o agente causador da intoxicação.

O relatório especifica que no dia 24 de junho deste ano (sexta-feira), a Vigilância Sanitária Municipal de Maringá recebeu a notificação do Hospital Municipal de um surto de gastroenterite em estudantes que estavam participando do Projeto FERA (Feira de Artes Estudantis), organizado pelo 5º Núcleo Estadual de Educação.

O evento estava sendo realizado desde o dia 20 de junho, com a participação de cerca de 5 mil estudantes de 10 a 17 anos da região noroeste do Estado.

Os alunos estavam alojados em vários colégios, enquanto as atividades e refeições ocorriam no Parque de Exposição Francisco Feio Ribeiro, sem conhecimento prévio dos órgãos fiscalizadores.

FATORES DE RISCO:

As Vigilâncias Sanitárias do Município e da Regional vistoriaram o local no mesmo dia e identificaram vários pontos críticos e fatores de risco.

As Vigilâncias Sanitárias optaram em recomendar algumas melhorias emergenciais possíveis para minimizar os problemas de ordem estrutural.

Não foi possível a coleta de alimentos das refeições suspeitas, consumidas no dia 23, uma vez que não havia sobras.

No entanto, foram coletadas amostras da refeição que estava sendo preparada para o jantar do dia 24, cujas análises apresentaram resultado negativo.

Foram entrevistadas 701 pessoas, porém excluídas da pesquisa 25 pessoas que já se apresentavam doentes anteriormente às refeições suspeitas, além de 32 pessoas que o entrevistador não anotou o dia e horário do início dos sintomas e uma pessoa que não fez a refeição no local do evento.

Para a análise dos dados foram consideradas 643 pessoas entrevistadas, sendo que 289 (44,9%) estavam doentes.

Também foram realizadas seis pesquisas para rotavírus e duas coproculturas, todas negativas.

A mediana do período de incubação do almoço foi de 15 a 17 horas e do jantar de 10 a 12 horas.

Considerando o quadro clínico, o processo evolutivo da doença e as medianas dos períodos de incubação do almoço e jantar, a suspeita é que o agente etiológico causador da gastroenterite tenha sido o Bacillus cereus, embora não tenha sido possível a comprovação laboratorial, tanto nos pacientes como nos alimentos, uma vez que os alimentos da refeição suspeita não foram coletados.

CONCLUSÃO:

Para concluir que houve a ocorrência de surto de toxiinfecção alimentar com agente etiológico sugestivo para "Bacillus cereus", não comprovado laboratorialmente, a Vigilância Sanitária considerou que não havia sobras dos alimentos suspeitos para análise laboratorial; que foram colhidas amostras de alimentos já processados do dia posterior ao surto, bem como, amostras de chegar à conclusão,alimentos in natura como, arroz, macarrão e carne bovina em processo de descongelamento, todos com resultado negativo para análise microbiológica.

Outros fatores considerados foram que o resultado laboratorial da análise bacteriológica da água foi negativo para coliformes fecais; que a análise de fezes para rotavírus foi negativa; que as coproculturas foram negativas, apesar do pequeno número de amostras; que a mediana do período de incubação do almoço foi de 15 a 17 horas e do jantar 10 a 12 horas; que os sinais clínicos predominantes foram diarréia, cefaléia, náuseas e cólicas; que além das condições higiênico-sanitárias precárias das instalações do “buffet”, constataram-se diversas falhas de procedimento e inobservância das boas práticas de fabricação (manipulação incorreta, preparo do alimento várias horas antes do consumo, manutenção do alimento em temperatura imprópria e reaquecimento inadequado); e que a inobservância das boas práticas predispõe a sobrevivência e multiplicação de microrganismos patogênicos nos alimentos.

RECOMENDAÇÕES:

Para evitar a repetição de novos episódios, a Vigilância Sanitária recomenda aos organizadores de eventos similares que, nas licitações, devem constar como pré-requisitos às empresas concorrentes que as mesmas apresentem Licença Sanitária e Alvará de Funcionamento; Profissionais capacitados para as atividades requeridas; condições técnicas adequadas para atender uma grande demanda, e que a Vigilância Sanitária seja notificada da ocorrência de eventos com no mínimo 15 dias de antecedência, a fim de que possa inspecionar o local antes e durante o preparo das refeições e solicitar providências quando necessárias.

QUADRO RESUMO DO SURTO DE INTOXICAÇÃO ALIMENTAR

PROJETO FERA – 20 a 25 de junho de 2005

Município: Maringá

RS: 15ª

Local de ocorrência: Parque de Exposição Francisco Feio Ribeiro

SINTOMATOLOGIA

Número de pessoas estimadas: 5.000

Expostas: 5.000 (100,0%)

Diarréia: 165 (56,90)

Entrevistadas: 643 (12,9%)

Cefaléia: 152 (52,41)

Doentes: 289 (44,9%)

Náuseas: 148 (51,03%)

Procuraram Recursos: 210 (72,7%)

Cólica: 139 (47,93%)

Tontura: 123 (47,93%)

Vômitos: 48 (16,55%)

Febre: 39 (13,45%)

Outros: 3 (1,03%)

Hospitalizados: 0

Óbitos:0

Obs: Mediana do período de incubação (horas): 15 a 17 horas para o almoço e 10 a 12 horas para o jantar.

Pmm