O glaucoma (aumento da pressão intraocular que pode provocar lesão da retina) é muito comum em cães e gatos, podendo levar à cegueira. O problema, no entanto, pode ser evitado se houver um diagnóstico precoce da doença, o que nem sempre acontece, já que a maioria das clínicas médicas veterinárias não está aparelhada para o exame.Uma das dificuldades está no preço dos equipamentos. Um dos mais utilizados, o Tono Pen, tem um custo alto que inviabiliza às pequenas clínicas implantá-lo, segundo o coordenador do curso de Medicina Veterinária do Cesumar (Centro Universitário de Maringá), Rodrigo Paolozzi.O Hospital Veterinário do Cesumar possui o equipamento e inclui o exame de glaucoma em todas as consultas oftálmicas de rotina, encontrando grande incidência da doença. Só no ano passado, foram diagnosticados aproximadamente 150 casos de glaucoma entre os mais de 4.300 animais atendidos na unidade, "o que significa que quase 5% tinham a doença", observou Paolozzi.Segundo o professor, esses casos só foram diagnosticados porque ao atender os animais com patologias oftálmicas, foi incluído o exame da pressão intraocular. De acordo com Paolozzi, se o animal fica cego, sua qualidade de vida cai muito e é exigida uma dedicação maior do proprietário. "Nós pegamos quadros irreversíveis no hospital porque os donos demoraram a procurar ajuda. De cada dez casos atendidos no hospital veterinário do Cesumar com patologias oftálmicas, dois poderiam desenvolver glaucoma secundário", informa o professor.
A pesquisaEste problema foi motivo de uma pesquisa realizada pelo professor Rodrigo Paolozzi em conjunto com a professora da Unoeste Silvia Franco Andrade e colaboradores. Eles fizeram a comparação de dois aparelhos que aferem a pressão intraocular, um já utilizado na medicina veterinária, o Tono Pen (eletrônico), e outro nunca utilizado, o Perkins (mecânico) e viram que os resultados foram semelhantes.Com a análise, feita pela comparação do diagnóstico em 50 cães e gatos, os pesquisadores conseguiram comprovar que o Perkins é um aparelho tão eficiente quanto o Tono Pen. Por ter um custo bem mais acessível (em torno de R$ 3,5 mil), Paolozzi diz acreditar que esse aparelho possa ser introduzido nas clínicas e o exame da pressão intraocular tornar-se rotina durante os atendimentos."Com isso, poderemos evitar inúmeros casos de cegueira causados por glaucoma em pequenos animais por falta de exames", comenta o professor, ao explicar que a única diferença entre os dois aparelhos é que o Tono Pen, por ser eletrônico, realiza o exame mais rápido, enquanto o Perkins, sendo mecânico, demora um pouco mais, exigindo o ajuste manual do prisma para chegar ao valor correto."Na literatura científica não existia ainda o registro comprovando a eficácia do Perkins na medicina veterinária, tanto assim que o resultado da pesquisa foi publicado em março nos Estados Unidos na revista 'Veterinary Ophthalmology', uma das mais respeitadas publicações científicas da área no mundo todo", informou Rodrigo Paolozzi.