TURISMO

Turistas cancelam reservas no litoral após desastre

O desastre ambiental provocado pelo vazamento de óleo do navio chileno VicuÀa já traz reflexo para o turismo do litoral paranaense. Donos de pousada, principalmente da Ilha do Mel um dos pontos atingidos pela contaminação calculam uma queda de 50% a 60% na taxa de ocupação nos finais de semana. Muitos turistas já estão cancelando reservas para o final de ano. O vazamento de óleo da embarcação, que explodiu na última segunda-feira, partindo-se ao meio, causou danos de proporções ainda não dimensionadas pelos órgãos ambientais.

O presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Litoral Paranaense (Sindilitoral), José Carlos Chicarelli, esteve, ontem, com comerciantes de Paranaguá, Pontal do Sul (balneário de Pontal do Paraná) e da Ilha do Mel. Segundo ele, além de uma ação judicial para ressarcimento dos prejuízos financeiros, pedirá apoio ao governo do Estado para uma campanha de esclarecimento a fim de evitar a evasão de turistas durante a temporada.

Uma única pousada da Ilha do Mel a Girassol perdeu um grupo de 38 turistas do Rio Grande do Sul, que lotariam os 13 quartos do estabelecimento no Reveillon. A notícia do acidente espantou os turistas que preferiram não se arriscar. Uma funcionária da pousada informou que os poucos turistas que estão chegando à ilha não entram no mar. Apesar da limpeza feita por um grupo de 40 pessoas, há ainda muito óleo nas praias.

Além dos comerciantes, os pescadores também têm prejuízos com a proibição da pesca. Ontem, 350 procuraram as agências do trabalhador para pedir o seguro-desemprego. A Secretaria Especial da Aquicultura e da Pesca tem o registro de aproximadamente 3,3 mil pescadores.

As equipes de técnicos que fazem a captura de animais na região atingida pelo óleo recolheram oito animais mortos entre tartarugas uma delas encontrada na Ilha do Superagui, andorinhas e biguás. Um biguá sujo de óleo foi resgatado com vida e levado ao centro montado junto ao píer da Cattalini dona do terminal onde o navio VicuÀa estava atracado para recuperação.

O secretário de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Luiz Eduardo Cheida, disse que está analisando a possibilidade de ingressar com uma ação por dano moral coletivo contra as empresas envolvidas no acidente. A ação, que deve acompanhar o processo de indenização dos prejuízos financeiros, baseia-se no impacto causado à população litorânea.

Cheida percorreu a área e destacou como pontos mais críticos de contaminação as ilhas da Cotinga, do Mel, do Governador e das Peças.

A partir de amanhã, técnicos do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) começam a coletar amostras de água em 58 pontos do Litoral para monitorar a balneabilidade. O número de locais de coleta, segundo Cheida, pode ser aumentado, caso se constate o avanço da mancha de óleo. Foram identificados resquícios do produto a 30 quilômetros do local do acidente, inclusive na região do Superagui, em Guaraqueçaba porta de entrada ao complexo lagunar estuarino, entre o litoral norte do Paraná e sul de São Paulo, região considerada a terceira maior reserva de biodiversidade do mundo.

Folha de Londrina