SUSTENTABILIDADE

Japoneses apresentam tecnologias para recuperação energética de resíduos em Curitiba

Japoneses apresentam tecnologias para recuperação energética de resíduos em Curitiba
Kenji Wasada, do departamento de Energia, Conservação e Energias Renováveis do Ministério de Economia, Indústria e Comércio do Japão.
O secretário de Meio Ambiente e de Saneamento de Maringá, Leopoldo Fiewski, participou na segunda-feira (12), em Curitiba, da 1ª Conferência Paraná-Japão de Recuperação Energética de Resíduos, realizado pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep). O presidente da entidade, Edson Campagnolo, abriu o evento citando a intenção do Sistema Fiep em formar parcerias para trazer os sistemas de gerenciamento de resíduos para o Estado. “Temos interesse em parcerias não apenas para que as empresas japonesas atuem no Paraná, mas também transfiram essas tecnologias para cá”, disse.

A Conferência, organizada em parceria entre a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Japão do Paraná (CCIBJ), Fiep e a Agência de Comércio Exterior do governo japonês, reuniu empresas e órgãos governamentais. O evento é resultado prático da viagem que a comitiva paranaense fez ao Japão, em fevereiro.

Campagnolo, que integrou a missão paranaense à Ásia, lembrou que por enfrentar dificuldades na geração de energia, o Japão sempre busca matrizes alternativas. “Eles tem muito a nos ensinar”, acrescentou. A apresentação das alternativas de geração de energia a partir dos resíduos sólidos urbanos trouxe ao Brasil representantes de empresas e organismos públicos japoneses.

Kenji Wasada, do departamento de Energia, Conservação e Energias Renováveis, órgão ligado ao Ministério de Economia, Indústria e Comércio do Japão, falou sobre a opção pela geração de energia de forma mais segura. “Passamos por um momento de importante revolução energética no Japão, por conta das recentes tragédias que atingiram nosso país”, disse, referindo-se ao terremoto seguido de tsunami que atingiu o país e colocou em xeque a segurança das usinas atômicas japonesas.

Oportunidade

O presidente da CCIBJ do Paraná, Yoshiaki Oshiro, ressaltou que a vinda de representantes de empresas e órgãos governamentais japoneses para tratar do assunto é uma grande oportunidade para o Estado. “As empresas japonesas têm procurado mecanismos de alta tecnologia para a questão de tratamento de resíduos e geração de energia. Este intercâmbio que estamos promovendo pode acrescentar benefícios para ambos os países”, declarou.

O evento da Fiep, de acordo com Oshiro, faz parte da programação da missão econômica japonesa com interesse em investir no Brasil. Levantamento realizado pela embaixada do Japão, apontou que pelo menos 10 mil pequenas e médias empresas japonesas possuem interesse em expatriarem investimentos no setor de energia renovável. “O Paraná, sem dúvida, integra naturalmente o roteiro de interesse para novos negócios”, adiantou o presidente da CCIBJ do Paraná.

Durante o encontro, três empresas japonesas apresentaram as tecnologias e soluções que disponibilizam para a geração de energia durante o processo de incineração de resíduos sólidos urbanos ou de tratamento de dejetos animais. Também foi apresentado o sistema de gerenciamento utilizado pelo Tokyo 23, consórcio responsável pelo tratamento de resíduos nas cidades que compõem a região metropolitana da capital japonesa.

Apenas na área urbana de Tóquio são 20 usinas de recuperação energética a partir de resíduos sólidos urbanos, algumas na área central da cidade. Essas usinas servem uma população de 8 milhões de habitantes, na proporção de uma usina para cada grupo de 200 mil habitantes.

Além de empresas paranaenses que buscam parcerias nessa área, a conferência reuniu representantes de prefeituras paranaenses interessadas em implantar sistemas mais modernos de gerenciamento do lixo. É o caso de Foz do Iguaçu. “Estamos abrindo licitação para um novo aterro sanitário no município e queremos utilizar uma nova tecnologia de tratamento desses resíduos, com a possibilidade de geração de energia”, afirmou o prefeito Paulo Mac Donald Ghisi. Segundo ele, as empresas japonesas serão convidadas a participar da concorrência.

A troca de experiências com os japoneses também pode contribuir para o planejamento do consórcio intermunicipal de tratamento de resíduos da região metropolitana de Curitiba. Durante a conferência, a secretária de Meio Ambiente da prefeitura da capital, Marilza Dias, apresentou as características do sistema de gerenciamento utilizado pelo consórcio e afirmou que o intercâmbio pode contribuir para o projeto de criação de uma usina de tratamento dos resíduos que será implantado na região, cuja licitação também está sendo preparada. “Entender o processo utilizado lá, especialmente em Tóquio, foi muito importante para nós”, ressaltou.