AÇÃO SOCIAL

Site ensina pessoas a consertar equipamentos

“Se não puder consertar, não o tenha.” É o lema do iFixit, comunidade que reúne mais de 300 mil pessoas com um objetivo: aprender a consertar seus próprios produtos.

“Se nós podemos ensinar as pessoas a dar às suas coisas uma vida útil maior, nós podemos cortar drasticamente a quantidade de lixo eletrônico e as toxinas a que as pessoas nos países desenvolvidos estão expostas”, disse ao Link Miroslav Djuric, diretor da empresa. “Consertar suas próprias coisas também é dar poder. Você pode aprender como as suas coisas funcionam e economizar dinheiro neste processo.”

O site, que funciona em uma plataforma wiki, guarda dezenas de milhares de manuais e guias que ensinam desde consertar um celular até abrir um Mac, tarefa considerada quase impossível. “Há participantes desde Nova York ao Tibete. Eles economizaram dinheiro e deixaram seus Macs longe de lixões totalmente por conta própria. E sabe o mais legal? Eles gostaram de fazer isso. É divertido desmontar coisas”, diz Miro.

As empresas não veem o reparo amador com bons olhos. O primeiro bloqueio é a ameaça da quebra de garantia caso o produto não seja levado à uma assistência autorizada.

“A ameaça de violar a garantia é suficiente para impedir as pessoas de possuírem suas próprias coisas. E as pessoas não deveriam ter esse medo”, diz Djuric .

O site faz rankings analisando a “reparabilidade de produtos”. Entre as empresas que mais facilitam o processo estão grandes como Dell e HP, que divulgam manuais completos na web, e a Parrot, fabricante dos helicópteros de brinquedo AR.Drone.

“Eles entendem que as coisas vão quebrar, então estão habilitando as pessoas a consertar os produtos por si mesmos”, diz Djuric. Entre as piores empresas, a primeira que lhe vem à cabeça é a Apple. “A empresa torna os produtos impossíveis de abrir a menos que os consumidores tenham chaves de fenda especiais”, afirma.

O site ganha dinheiro vendendo equipamentos para consertar equipamentos. Eles escreveram até um manifesto (na imagem ao lado) em que defendem e encorajam que as pessoas aprendam como funcionam seus aparelhos.

“Quando você conserta a tela do seu computador, ou mesmo faz algo simples como trocar o óleo do carro, você aprende. Estar apto a consertar seu carro ou computador significa que você sabe mais do que aquilo que ele faz, mas como ele faz”, diz Miro.

Além de economizar dinheiro e proteger o meio ambiente, consertar seus próprios produtos dá aos usuários o que ele chama de “posse real” sobre suas coisas. “Nossa meta é acabar com a a obsolescência programada e seus efeitos”, diz Djuric.