A redução no número de mortes nas rodovias federais do Paraná durante os primeiros 60 dias da lei seca foi 2,3 vezes superior à média nacional. Entre os dias 20 de junho a 19 de agosto de 2008 os acidentes provocaram 45 mortes no estado, contra 69 no mesmo período do ano passado (queda de 29,69%). Em todo o Brasil, houve 1.091 óbitos nos dois meses deste ano e 1.250 em 2007 (diminuição de 12,7%).Por outro lado, as estradas paranaenses registraram um aumento na quantidade de acidentes 7 vezes superior à média do país. No Brasil, durante os mesmos dois meses, foram 21.327 casos em 2008 e 20.446 em 2007 (crescimento de 4,3%). No Paraná, foram 1.524 em 2008 e 1.159 (aumento de 31,5%) em 2007.“A comparação mostra que os acidentes cresceram, mas foram menos graves porque menos gente morreu. A diminuição da violência nas estradas é reflexo da lei seca”, justifica o inspetor Maurício Hugolino Trevisan, da Polícia Rodoviária Federal do Paraná.EconomiaO balanço dos dois primeiros meses da nova legislação foi divulgado ontem pelo Departamento de Polícia Rodoviária Federal (DPRF), em Brasília. A principal novidade do levantamento é a medição da economia provocada pela redução do número de acidentes com mortes. A estimativa é que o Brasil tenha deixado de gastar R$ 48,7 milhões e o Paraná, R$ 2,3 milhões.“O valor equivale à compra de 500 ambulâncias ou 7 mil bafômetros, número suficiente para abranger todas as equipes de fiscalização do país. É relevante para qualquer país do mundo”, afirmou o chefe da Comunicação Social do DPRF, Alexandre Castilho. A avaliação baseia-se no estudo “Impactos Sociais e Econômicos dos Acidentes de Trânsito nas Rodovias Brasileiras”, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Ele considera 40 componentes de custos, relacionados a quatro tipos de prejuízos privados e públicos (com o atendimento às vítimas, o socorro policial, os veículos e o meio ambiente). De acordo com o Ipea, o gasto gerado por um acidente sem vítima é de R$ 19 mil, com feridos é de R$ 96 mil e com mortos é de R$ 467 mil. O estado que mais economizou foi São Paulo (R$ 11,5 milhões), seguido por Bahia (R$ 11 milhões) e Minas Gerais (R$ 9,3 milhões). A despesa diminui segundo o grau de urbanização dos estados, segundo Castilho. O estudo do DRPF apresentou apenas os sete estados que mais economizaram, ranking que não incluía o Paraná.O diretor-geral do DPRF, Hélio Cardoso Derenne, afirmou que o aumento aferido no número de acidentes não é conflitante com a eficácia da lei seca. “É preciso levar em consideração o aumento da frota de veículos do país”, disse Derenne, que é paranaense.A comparação entre os dados regionais mostra que a fiscalização paranaense foi mais rigorosa. O estado registrou um aumento de 100% no número de crimes de trânsito cometidos no período (de 47 para 94), contra 88,7% de crescimento no restante do país (1.003 para 1.893).Derenne explicou que o número de crimes não está relacionado com o aumento da fiscalização. “Não houve uma mobilização maior, a não ser durante o carnaval. Além disso, o número de agentes permanece o mesmo.”O policial disse que os números revelam, no geral, que os motoristas estão mais conscientes em relação aos problemas do álcool no trânsito. Ele enfatizou que o número de motoristas embriagados que dirigem em rodovias diminuiu em relação aos que bebem e conduzem veículos nas cidades. “Os motoristas consideram menos perigoso ir a uma festa perto da sua casa e beber do que viajar em uma rodovia.”