EMPREGO

Mil vagas abertas na região, mas falta qualificação

Com a dificuldade para encontrar mão-de-obra especializada, empresas decidem oferecer treinamento; quem se qualifica encontra as melhores vagas e podem ganhar até o dobro

Durante o mês de fevereiro a Agência do Trabalhador ofereceu em Maringá 1.717 empregos em diversas áreas, mas terminou o mês sem conseguir o preenchimento da maior parte das vagas abertas. Algumas, em setores mais especializados, são disponibilizadas há meses e podem continuar abertas por mais algum tempo por falta de pessoas qualificadas para ocupá-las.

"Há muitas pessoas diariamente procurando trabalho, mas a maioria não tem qualificação profissional", disse a gerente da Agência de Maringá, Fátima Dias Coelho, enfatizando que mesmo com o Sistema Nacional de Empregos (Sine) oferecendo cursos profissionalizantes, como o Senai, Sest e agências de empregos, ainda está difícil oferecer mão-de-obra qualificada para o mercado.

Ultimamente, sem poder esperar, as próprias empresas criaram formas de treinar profissionais para as funções que precisam. É o caso da Noma do Brasil, indústria de Sarandi, que mantém vários cursos permanentes e treina pessoas de funções inferiores para funções mais especializadas.

A carência de qualificação não é exclusividade de Maringá. Na Agência do Trabalhador de Sarandi são oferecidas diariamente mais de 100 vagas e em alguns dias chegam a 160, como aconteceu terça-feira, quando um abatedouro de frangos criou um novo turno de trabalho e ofereceu, em um só dia, 50 novos empregos. Nos próximos dias será a vez da Usina Agrenco, no limite com Marialva, oferecer cerca de 70 empregos.

De acordo com o gerente da agência, Marcos José Antonelli, Sarandi foi em 2007 o município paranaense que ofereceu, proporcionalmente à sua população, o maior número de empregos e cerca de 80% dos candidatos encaminhados pela agência acabaram efetivados. "Nossa maior dificuldade está justamente nas funções que exigem alguma especialização", afirma, citando que a carência maior é de soldadores, torneiros e pessoas para trabalhar na indústria de confecção.

Em Cianorte, um dos municípios da região que mais emprega, a procura maior é por profissionais para o setor de confecções. De 107 vagas oferecidas ontem na Agência do Trabalhador, 39 eram para costureiros, operadores de máquina reta, arrematadeira, bordadeira, auxiliar de corte, auxiliar de lavanderia, lixador de jeans e outras funções ligadas à confecção, o forte da economia do município.

Cerca de 20 mil pessoas trabalham na produção de roupas em Cianorte, alguns já passaram por várias empresas, têm grande experiência, mas mesmo assim algumas vagas permanecem vários dias no site do Sine. "O problema é que elas se acostumam em uma profissão e ficam com medo de mudar para uma área que não conhecem direito", diz o gerente da agência em Cianorte, Roberson Morales, lembrando que ontem havia vagas para a área de vendas. "Divulgamos nas rádios, e mesmo assim não apareceu ninguém."

O tesoureiro do Sindicato dos Metalúrgicos de Maringá, João Roberto Zingra, diz que a quantidade de vagas abertas ou ocupadas é muito maior do que a que aparece na contagem da Agência do Trabalhador. Segundo ele, no caso dos metalúrgicos, os trabalhadores conhecem as empresas e as empresas sabem quem são os bons profissionais e muitas vezes a contratação acontece sem que a vaga seja ofertada na agência. "O problema é que, com o crescimento do setor, temos mais vagas do que gente preparada", informa. O sindicato oferece cursos, "mas tudo que conseguimos formar em um ano, pode ser contratado em um só dia."

Fátima Coelho diz que, em Maringá, pelo menos 900 vagas são oferecidas a cada mês, mas muitas continuam abertas nos meses seguintes. Os setores metalomecânico e metalurgia são os que mais dependem de trabalhadores qualificados e a oferta tem sido grande também na construção civil, aquecida pela melhora da economia e a construção do Novo Centro.

ACIM