O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve definir, até amanhã, o novo valor do salário mínimo, juntamente com o porcentual do reajuste da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF). A intenção do governo é fazer uma operação casada, ou seja: dar um salário mínimo maior e corrigir a tabela com um porcentual menor. A tendência é que o mínimo fique em R$ 300 a partir de maio. Lula tratou dos reajustes ontem, durante reunião no Palácio do Planalto com líderes no Congresso e ministros. O ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, disse que o encontro de ontem avançou muito em relação ao impacto do salário mínino no Orçamento da Previdência Social, além de tratar do impacto sobre o mercado de trabalho. Berzoini disse ainda que a data do reajuste não foi definida: ''A discussão feita é janeiro ou maio. O que significa que se for em janeiro, o valor será um pouco menor; se for em maio, será maior. O importante é que nós tenhamos um número que possa significar aumento real significativo e o presidente está consciente que é preciso resolver essa questão frente a outras demandas do orçamento.'' O líder do governo na Câmara, Professor Luizinho (PT-SP), disse que o governo pretende dar um reajuste superior aos números da inflação. Sem falar em percentuais, o líder governista afirmou que o novo mínimo representará um ''salto'' na distribuição de renda. ''As hipóteses que o presidente tem em mãos demonstram que o trabalhador terá um ganho melhor em janeiro, mas é óbvio que do ponto de vista dos números o reajuste tem de ser inferior a um (reajuste) concedido em maio'', disse.
''Vamos fazer uma análise política dos estudos.'' Luizinho disse que Lula está informado da caravana promovida pelas centrais, especialmente a CUT, em direção a Brasília, para pressionar o governo a conceder um mínimo de R$ 300. Além de Luizinho e de Berzoini, participaram da reunião com Lula o vice-presidente e ministro da Defesa José Alencar, e os ministros Antonio Palocci (Fazenda), José Dirceu (Casa Civil), Aldo Rebelo (Coordenação Política) e Luiz Gushiken (Secretaria de Comunicação). Também esteve presente na reunião o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid. ''Ele (Lula) gostaria que a condição final fosse aquela que resultasse num ganho maior para o bolso do trabalhador no decorrer do ano, mas não pode deixar de analisar o dado político também'', disse Rachid. O vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, afirmou, durante passagem pelo Congresso, que um dos problemas em relação ao reajuste do salário mínimo é a sua vinculação com a Previdência Social e que há no governo ''um propósito de verificar isso para acabar com a vinculação, porque isso está prejudicando um salário mínimo mais digno.'' Ele não quis falar no montante dos valores relativos ao aumento dos pagamentos a segurados da Previdência resultante do reajuste do salário mínimo. Disse que o grande problema, ''que preocupa o governo 24 horas'', é segurar a alta da inflação. ''Não adianta mexer em salário mínimo, o importante é você manter o valor de compra da moeda. Ou seja: debelada a inflação, nós poderíamos dar qualquer coisa. Nós precisamos dar (aumento ao mínimo), porque o trabalhador no Brasil ganha muito pouco'', afirmou Alencar, antes de iniciar sua participação em um encontro de prefeitos eleitos pelo PL. Alencar afirmou ainda que o governo estuda uma correção na tabela do Imposto de Renda.