ANTIGA RODOVIÁRIA

Moradores querem evitar demolição de rodoviária

A antiga Rodoviária de Maringá, no Noroeste do Paraná, está com os dias contados. Pelo menos se depender da prefeitura, que anunciou na última terça-feira o edital para a construção de um centro empresarial no lugar do edifício. No entanto, integrantes da comunidade e historiadores defendem o prédio, construído há 45 anos. Eles pedem o tombamento e preservação do local, apontado como histórico.

“A antiga Rodoviária é recuperável. Só falta a manutenção regular, que não foi feita ao longo dos anos”, diz o advogado Alberto Abraão. O advogado cuida de uma ação que tramita na 2.ª Vara Cível contra a interdição do prédio, decretada no ano passado.

A polêmica sobre o tombamento se arrasta desde 2005 e o caso está na Promotoria de Proteção ao Meio Ambiente. Dois laudos são usados a favor do tombamento: o primeiro, do engenheiro civil Antônio Carlos Peralta, aponta diversos problemas estruturais, mas conclui que “a restauração do edifício é possível”; e um segundo, feito por professores da Universidade Estadual de Maringá (UEM), defende o tombamento ao analisar aspectos arquitetônicos, históricos e culturais do prédio.

“Maringá tem a necessidade da preservação da antiga Rodoviária, que não pode ser derrubada”, defende a doutora em Sociologia Urbana, Ana Lúcia Rodrigues. Responsável por um estudo que aponta a relevância histórica cultural do prédio, Ana Lúcia diz que a rodoviária era o símbolo da modernidade em Maringá. Era por ali que chegavam famílias para trabalhar e viver na região. A arquitetura modernista característica da década de 1960 raramente é encontrada hoje em dia.

Outra reclamação dos envolvidos é que a prefeitura também teria influenciado decisões da Comissão de Preservação do Patrimônio Histórico de Maringá, já que sete dos 11 membros ocupavam cargos de confiança na prefeitura.

Interdição

O prédio da antiga Rodoviária foi interditado no ano passado depois que parte da cobertura metálica desabou. A prefeitura alega que somente a construção de um novo prédio pode resolver os problemas no local. “Não há ilegalidade no processo”, justifica o coordenador municipal de Políticas Urbanas, Jurandir Guatassara Boeira. “As condições do prédio estão ruins e a prefeitura não teria como bancar a manutenção”.

Desde 2003, a prefeitura debate a reforma do prédio, mas nunca houve acordo com o condomínio de lojistas que ocupa a área hoje. A reforma e as adequações, segundo cálculo dos comerciantes, estariam estimadas em R$ 115 mil.

Entre os problemas do local estão infiltração, buracos no piso, “gatos” na rede elétrica, comércio irregular, e ainda pontos de prostituição e venda de drogas, que geravam ocorrências policiais constantes.

Os envelopes com as propostas para a construção do centro empresarial serão abertos na prefeitura no dia 10 de março. Entre as especificações do edital para o novo prédio estão uma altura máxima de 110 metros e a construção de um centro cultural com 10 mil metros quadrados.

PMM