salário mínimo brasileiro que vigorará em 2005 deve ser definido hoje pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante reunião da coordenação política, às 9h30, no Palácio do Planalto, segundo informou ontem o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. As informações são da Agência Brasil. A proposta de aumento pode ser enviada ao Congresso por meio de medida provisória ou de projeto de lei. Segundo Dirceu, o governo trabalha com um valor para o mínimo de R$ 290, já a partir de janeiro, ou R$ 300 a partir de maio. A decisão sobre a antecipação ou não para janeiro será tomada pelo presidente. Ainda hoje, às 15 horas, no Salão Nobre do Palácio, Lula receberá um grupo de integrantes da Caravana Nacional pela Erradicação do Trabalho Infantil, criada em julho deste ano. Durante o encontro, será entregue ao presidente termo de compromisso para a a eliminação da mão-de-obra infantil no País, assinado por todos os governadores dos estados percorridos pela caravana. Em contrapartida, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) inicia hoje uma marcha a Brasília para pressionar o presidente Lula a ampliar o reajuste já prometido para o salário mínimo. ''Tem de chegar, pelo menos, a R$ 300 em janeiro ou R$ 320 em maio'', afirmou o presidente da CUT, Luiz Marinho. ''O ambiente é favorável. É hora de o presidente começar a retribuir a paciência que pediu à população.''
Caravanas de todo o País chegaram ontem a Valparaíso, de onde cerca de dois mil sindicalistas da CUT e outras centrais partirão para uma audiência esperada com o presidente Lula na quarta-feira. Serão cerca de 30 quilômetros de caminhada. ''A audiência não está confirmada, mas não acredito que ele deixará de nos receber'', disse Marinho. ''Vamos trabalhar para descartar os R$ 290. Vamos forçar esse debate com o governo.'' Além do reajuste em 2005, as centrais insistem na adoção de uma política de recuperação do mínimo a médio prazo. A correção anual do benefício pelo INPC e aumento real igual ao Produto Interno Bruto per capita, defendida pelo ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, é considerada insuficiente. ''Nesse ritmo, vai levar muito tempo até o salário mínimo dobrar seu poder de compra, como prometeu o próprio presidente Lula'', afirmou Luiz Marinho. Segundo o presidente da CUT, a criação de um Conselho do Salário Mínimo, integrado por representantes do governo, sindicatos, empresários e aposentados, como já admite o ministro, pode ser a saída para viabilizar uma política de recuperação mais efetiva. ''É inaceitável que o governo Lula entre em 2005 sem garantir isso.'' Até aqui, a marcha é a mais dura mobilização da central no governo que ajudou a eleger. ''A CUT sinaliza uma mudança na sua relação com o governo'', avalia o economista Cláudio Dedecca, professor da Unicamp. ''Sua postura foi muito mais de expectativa e, agora, como as respostas estão demorando a sair, precisa se mexer, a cobrança aumenta.''