ECONOMIA

Petrobras anuncia reajuste: Gasolina sobe 7% e diesel 10%

A Petrobras anunciou ontem o segundo aumento de combustíveis em 42 dias - 7% no preço da gasolina nas refinarias da estatal e 10% no diesel.

Petrobras anuncia reajuste: Gasolina sobe 7% e diesel 10%

Com o reajuste, a Petrobras confirma as previsões dos especialistas, que consideraram o índice do reajuste de 14 de outubro abaixo do esperado e acreditavam que um novo aumento viria antes do final do ano.

O aumento é o terceiro anunciado pela Petrobras em 2004. O preço da gasolina nas refinarias já acumula alta de 23,3% neste ano, e o do diesel, de 29%. Sem contar o reajuste anunciado ontem, a gasolina já tinha tido um aumento neste ano de 6,41% para o consumidor, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O diesel, de 9,8%.

Com mais essa alta e com a elevação do preço do álcool - a gasolina tem 25% do produto em sua composição-, a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustíveis) avalia que o reajuste da gasolina para o consumidor fechará o ano próximo de 12%. É a mesma projeção feita por Alexandre Sant'Anna, da ARX Capital. A estimativa do Banco Central (BC) era de um aumento de 9,5% no ano.

Diferentemente do último reajuste nas refinarias (4% na gasolina e 6% no diesel), os especialistas consideraram que o aumento de ontem foi satisfatório e praticamente cobre a defasagem do preço da gasolina com a cotação do barril do petróleo mercado internacional. Mas apontaram que a decisão pode não ter sido baseada apenas em critérios técnicos.

Para eles, ao anunciar o reajuste no final de novembro, o impacto na inflação ficará concentrado em dezembro. Com isso, a Petrobras auxilia o governo a começar 2005 com menos pressão inflacionária. O centro da meta de inflação do próximo ano é de 5,1%.

''Se a Petrobras não fizesse esse aumento até o dia 30, iria exportar a inflação para o ano que vem e comprometeria a meta'', disse Adriano Pires, consultor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE). ''Não imagino que a data tenha sido escolhida aleatoriamente, o reajuste deixa limpa a inflação de 2005'', disse Sant'Anna.

''Agora, o governo começa o ano com um cenário muito mais tranquilo de preço'', avaliou a economista Fabiana Futoni, da Consultoria Tendências. ''Não contaminar a inflação de 2005 foi uma notícia muito bem recebida'', disse Ricardo Denadai, da LCA Consultores. ''É fato que havia a necessidade de um novo aumento. Se a Petrobras segurasse, a expectativa seria pior.''

Apesar de o reajuste trazer um impacto na inflação de dezembro, os analistas afirmam que isso não deve impedir o BC de cumprir a meta deste ano. Segundo Alex Agostini, da GRC Visão, o impacto deverá ficar em 0,2 ponto percentual no IPCA. Com isso, a consultoria alterou a sua projeção de inflação deste ano de 7,2% para 7,4%. A meta de 2004 é de 5,5%, mas, como existe uma intervalo de tolerância de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo, o BC cumpre seu objetivo se a inflação não ultrapassar 8%.

Folha de Londrina