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Paraná é o 4º colocado em crianças desaparecidas

O Paraná é o quarto estado com maior número de crianças e adolescentes desaparecidos cadastrados junto à Rede Nacional de Identificação e Localização de Crianças e Adolescentes Desaparecidos.

Na página da rede na internet, há registro de 24 casos não solucionados no Estado. Esses números poderiam ser ainda maiores, já que o Paraná não segue o mesmo sistema da rede nacional, que considera como desaparecidos crianças e adolescentes raptados por pais em disputa pela guarda do filho. No caso do Paraná, os 24 registros referem-se apenas a casos de sequestro e desaparecimentos com causas ignoradas.

Criado em dezembro de 2002, o site www.desaparecidos.mj.gov.br da Rede Nacional tem 428 casos cadastrados. Destes, 158 foram solucionados e outros 267 crianças e adolescentes continuam desaparecidos, sendo que 65 dos casos ocorreram no Rio de Janeiro, 51 em São Paulo, 34 no Distrito Federal, 24 do Paraná e 23 em Pernambuco.

Do total de casos de desaparecimento, cerca de 25% correspondem a crianças e 75% a adolescentes. A causa mais frequente de desaparecimento é a fuga do lar por conflito familiar (36 casos), seguida por 28 casos de sequestro, 25 conflitos de gaurda dos filhos. No caso do Paraná, nove desaparecimentos estão classificados como sequestro e 15 por razões não identificadas.

O coordenador da Rede Nacional, Alexandre Reis, ressalta, no entanto, que os números refletem apenas os casos repassados à Rede Nacional. ''Tem muitos desaparecimentos em cidades de interior que não chegam a nosso conhecimento'', afirma.

Estima-se que hoje, no Brasil, cerca de 40 mil crianças e adolescentes desapareçam por ano, sendo 10 mil apenas no estado de São Paulo. Entre 80% a 90% dos casos são resolvidos em pouco tempo, a maior parte nas primeiras 48 horas após o desaparecimento. Por esse motivo, o critério da Rede Nacional é disponibilizar na internet só casos de desaparecimento com mais de 30 dias de duração.

''Entre os 40 mil, casos como os do Paraná não representam nem 5%, mas são os mais graves, com certeza'', diz o coordenador. Ele explica que, em geral, os desaparecimentos não solucionados são sequestros para adoção no exterior, adolescentes que são mortos e cujos corpos não são encontrados ou mesmo fuga.

De acordo com Reis, as duas principais preocupações da Subsecretaria de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente (SPDCA), órgão do Ministério da Justiça responsável pela Rede Nacional, no momento, são ampliar o cadastro para todo País e incrementar o uso de novas tecnologias para a identificação dos desaparecidos.

Até sexta-feira, 15 artistas forenses da América do Sul, entre eles 10 brasileiros, participam do I Treinamento Internacional em Técnicas de Projeção Digital de Envelhecimento. A técnica consiste em elaborar no computador, a partir de fotografias da criança, dos seus pais, de familiares e de outras fotos de referência, uma imagem aproximada da aparência atual de uma pessoa desaparecida há anos e, com isso, tornando mais fácil seu reconhecimento e localização. O curso está sendo ministrado pelo especialista norte-americano Glenn Miller, que trabalha junto à rede mundial Missing Kids, de busca de crianças desaparecidas.

Segundo Reis, nos Estados Unidos, de cada sete casos de desaparecimento, um é solucionado pelo método. No Paraná, o Serviço de Investigação de Criança Desaparecida (Sicride) já vem adotando a técnica. A Rede também está criando, em convênio com a Universidade de São Paulo, um banco nacional de material genético para localização das vítimas.

Folha de Londrina