EDUCAÇÃO

Paraná lidera analfabetismo na Região Sul

Em 327 municípios do Paraná, o correspondente a 82% das cidades do Estado, o índice de analfabetismo alcança mais de 10% da população. Situação mais grave vivem 58 desses municípios, onde 20 a 30% da população é analfabeta.

Números como esses contrastam com a posição de liderança histórica da região Sul que, com uma média de 7,7% de analfabetismo, tem o melhor desempenho do País. Também revelam um preocupante diagnóstico para o Estado: a existência de municípios com índices comparáveis aos da região Nordeste, que detém taxa média de 26,2% de analfabetos e os piores resultados do País.

O Paraná tem 647,5 mil analfabetos. São pessoas de 15 anos ou mais que não sabem ler nem escrever. A situação é ainda mais crítica se for tomado como parâmetro a taxa de analfabetismo funcional, interpretação que, cada vez mais no mundo, substitui o conceito usado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Em suas pesquisas, o IBGE considera alfabetizada a ‘‘pessoa capaz de ler e escrever pelo menos um bilhete simples no idioma que conhece’’. O conceito de analfabeto funcional inclui todas as pessoas com menos de quatro séries de estudo concluídas.

Usando esse parâmetro, o número de analfabetos salta para 1,669 milhão de paranaenses, o correspondente a 24,5% da população acima de 15 anos. Outro indicador que mostra a necessidade de um árduo trabalho no Estado na luta contra o analfabetismo refere-se à taxa de escolaridade. Em média, a população com mais de 15 anos estudou até a 6ªsérie, bem abaixo do ideal, que seriam 11 anos, tempo necessário para a conclusão do ensino médio.

Esses números colocam o Paraná na incômoda posição de pior Estado em alfabetização na região Sul. Em Santa Catarina a taxa de analfabetismo é de 6,3% e no Rio Grande do Sul, de 6,7%. O índice de 9,5% do Paraná é que eleva a média da região Sul para 7,7%. O mesmo ocorre com o índice de analfabetos funcionais, de 18,1% no Rio Grande do Sul e 18,2% em Santa Catarina, e que chega a uma média de 20,5% na região Sul.

‘‘Essa diferença do Paraná é um fato histórico. Ocorre em função da ocupação do Estado, feita por uma população bastante miscegenada, e também muito recente’’, explica o coordenador do Programa Paraná Alfabetizado, braço paranaense do programa federal Brasil Alfabetizado, Wagner Roberto do Amaral. Como exemplo, ele cita municípios do Norte Pioneiro, fundados há 45 anos e que, conseqüentemente, tiveram oferta de escolaridade também recente.

Análises estatísticas dos 5.507 municípios brasileiros constantes do Censo 2000 feito pelo IBGE revelam forte correlação entre a taxa de analfabetismo e a taxa de freqüência à escola. Assim, Curitiba, cuja população acima de 15 anos concluiu em média 8 séries, ocupa a nona posição entre os municípios com maior escolaridade, e sua taxa de analfabetismo é de apenas 3,4%. Na outra ponta, a população de Laranjal (170 km a oeste de Guarapuava) tem em média 3 séries concluídas, uma taxa de 25,1% de analfabetismo absoluto e de 53,1% de analfabetismo funcional.

Folha de Londrina