ECONOMIA

Álcool aumenta cerca de 50% em um ano

O preço médio do álcool anidro aumentou 52,92% e o do hidratado 47,57%, em valores nominais, nas destilarias, entre a última semana de outubro de 2003 e o mesmo período de 2004.

Álcool aumenta cerca de 50% em um ano

Se considerado o início dessa safra na última semana de abril deste ano os reajustes foram, respectivamente, de 109,5% e 113% nas unidades produtoras, a partir do levantamento semanal feito pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Cepea/Esalq).

De acordo com a entidade, a única que faz esse levantamento periódico no País, o valor médio do litro do álcool anidro, que é misturado à gasolina, custava, na última semana, R$ 0,9599, ante R$ 0,6277 no mesmo período de 2003 e R$ 0,4582 no final de abril de 2004.

Já o preço médio nas destilarias do litro do hidratado, que era de R$ 0,5591 em outubro de 2003, saltou para R$ 0,82612 na última semana. Em abril, com o excesso de oferta, o litro do combustível utilizado em veículos movidos a álcool ou nos Flex fuel chegava a custar R$ 0,38784.

Para a pesquisadora do Cepea/Esalq, Mirian Bacchi, as altas demandas interna e externa, aliadas à queda na oferta do álcool em virtude das chuvas no início da safra de cana-de-açúcar, foram responsáveis pelos aumentos dos preços do combustível, que chegaram ao consumidor final. ''Apesar dos aumentos, o valor real do álcool, com a inclusão da inflação, já foi maior no passado'', disse Mirian.

No entanto, de acordo com a pesquisadora do Cepea/Esalq, o aumento para o consumidor final o preço do litro do hidratado custa, em média R$ 1,30 nos postos no mercado paulista deve frear a demanda pelo combustível e até pelos veículos flex fuel.

''Como o preço da gasolina também aumentou, ainda compensa abastecer o flex fuel com álcool, pois a paridade entre os dois combustíveis não atingiu os 70%. Mas se a alta continuar o quadro pode mudar'', explicou. O porcentual de 70% refere-se ao máximo que o álcool hidratado deveria custar nas bombas em relação à gasolina para que fosse vantajoso ao consumidor abastecer com o combustível renovável.

O governo federal, apesar de monitorar a produção do combustível por meio de relatórios enviados quinzenalmente pelas destilarias, ainda não admite enquadrar o setor, como ocorreu no início do ano passado. À época, o cenário era de preços altos e de iminência de desabastecimento, o que levou à redução do anidro na gasolina de 25% para 20%.

O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, vem afirmando que o abastecimento é tranquilo e que não haverá, pelo menos por enquanto, qualquer intervenção federal. No entanto, é praticamente certo que a safra de cana-de-açúcar 2005/2006, que começaria entre o final de abril e o começo de maio na região Centro-Sul, será antecipada para o final de março.

Folha de Londrina