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Saiba o que é o conclave, ritual de escolha do novo papa

Processo, que conta com a participação de sete cardeais brasileiros, acontece na Capela Sistina, no Vaticano, e pode durar dias.

Saiba o que é o conclave, ritual de escolha do novo papa
Do latim cum clave (fechado à chave), o conclave é uma votação secreta, realizada dentro da Capela Sistina, no Vaticano, e reúne os 252 cardeais do Colégio Cardinalício. - Foto: Reprodução

Com a morte do papa Francisco, na madrugada da última segunda-feira (21), uma série de rituais da igreja católica começa até a escolha do novo pontífice: o velório aberto ao público, o funeral com a presença de chefes de estado, que acontecerá no sábado (26), o enterro e, por fim, o conclave.

Do latim “cum clave” (fechado à chave), o conclave é uma votação secreta, realizada dentro da Capela Sistina, no Vaticano, e reúne os 252 cardeais do Colégio Cardinalício. Todos eles participam do processo, mas apenas cardeais com menos de 80 anos votam. Por isso, desse total, 135 poderão escolher ativamente o novo papa, incluindo sete brasileiros. São eles:

  • João Braz de Aviz, 77 anos, arcebispo emérito de Brasília e ex-arcebispo da Arquidiocese de Maringá
  • Odilo Scherer, 75 anos, arcebispo de São Paulo
  • Leonardo Ulrich Steiner, 74 anos, arcebispo de Manaus
  • Orani Tempesta, 74 anos, arcebispo do Rio de Janeiro
  • Sérgio da Rocha, 65 anos, arcebispo de Salvador
  • Jaime Spengler, 64 anos, arcebispo de Porto Alegre e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
  • Paulo Cezar Costa, 57 anos, arcebispo de Brasília

Antes da votação

Desde o anúncio da morte do papa, cardeais do mundo inteiro começaram a se deslocar para o Vaticano. O conclave ainda não tem uma data definida para acontecer, mas a estimativa para o início é de até 20 dias após o falecimento do pontífice, depois do fim do período de luto.

Após se reunirem na Basílica de São Pedro, todos os cardeais participam de uma missa especial, chamada “Pro Eligendo Pontifice” (Pela Eleição do Papa). Depois seguem em procissão até a Capela Sistina, onde a votação acontece.

Os cardeais se vestem da mesma maneira: uma batina vermelha coberta com a roquete, uma vestimenta branca, a mozeta, uma capa curta e também vermelha, assim como o solidéu e o barrete, usados na cabeça. Todos usam uma cruz peitoral feita de ouro ou metais preciosos.

Na Capela Sistina, eles fazem um juramento de sigilo e, em seguida, quem não participa da eleição se retira com a proclamação do “Extra omnes” (Todos para fora). Os cardeais ficam completamente isolados, sem meios de se comunicar com o mundo exterior. Celulares, computadores, jornais e qualquer contato com pessoas de fora são proibidos.

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Durante a votação

Antes do início, nove cardeais são sorteados para organizar a votação. Três serão Escrutinadores e contarão os votos, três serão Revisores e vão conferir a apuração e mais três cumprirão a função de Infirmarii, responsáveis por recolher os votos dos cardeais que não podem permanecer na capela por motivos de saúde.

Cada um recebe uma cédula de votação com o inscrito “Eligo in Summum Pontificem” (Elejo como Sumo Pontífice) e um espaço para escrever o nome do escolhido. O voto é secreto e, após dobrar a cédula duas vezes, cada cardeal se dirige à urna.

Os votos são lidos em voz alta e as cédulas são furadas com uma agulha e amarradas em linha. Todos os votos serão queimados depois da contagem.

Para ser eleito papa, é necessário que se alcance dois terços dos votos. Quando se chega a um consenso, o decano responsável pelo conclave pergunta ao eleito se ele aceita o pontificado e qual o nome escolhido.

Em caso de resposta positiva, as cédulas são queimadas com um aditivo que deixa a fumaça branca. Por fim, a famosa frase “Habemus Papam” (Temos Papa) é anunciada aos fieis e o novo pontífice aparece na sacada central da Basílica de São Pedro para dar sua primeira bênção.

Quantos dias dura?

Não há um período determinado de votação. O conclave pode se arrastar por dias, até que dois terços dos cardeais escolham o mesmo candidato.

De acordo com regras estipuladas pela igreja católica, quatro votações podem ser realizadas por dia. Se após três dias uma decisão não for alcançada, o processo é pausado por 24h para orações. O conclave mais longo da história aconteceu em 1271 e demorou 33 meses para eleger o Beato Gregório X.

Maringa.Com
Por Vanessa Santa Rosa