CINEMA

‘Barbie’ é um fenômeno e o filme perfeito para levar o público de volta aos cinemas

Longa de Greta Gerwig gerou uma onda cor-de-rosa nas roupas dos fãs, nas vitrines das lojas e também na cultura pop, comparável à histeria dos filmes de super-herói de antes da pandemia

‘Barbie’ é um fenômeno e o filme perfeito para levar o público de volta aos cinemas
Margot Robbie e Ryan Gosling em 'Barbie'. - Foto: Divulgação/Warner Bros.

Em ‘Barbie Girl’ — música da banda dinamarquesa Aqua e que ganhou sua própria versão em português, nos anos 2000, na voz de Kelly Key — a vocalista Lene Nystrøm canta como a vida de plástico é fantástica. No entanto, em ‘Barbie’, dirigido por Greta Gerwig, uma das estreias mais antecipadas de 2023, uma das questões é: será que é mesmo? O mundo perfeito das bonecas da Mattel é melhor que a realidade em carne, osso e patriarcado?

Gerwig já é conhecida por trazer nos filmes que dirigiu (‘Lady Bird: A Hora de Voar’ (2017) e ‘Adoráveis Mulheres’ (2019)) comentários sobre qual é o lugar da mulher no mundo e seu papel na sociedade. Então, não é surpreendente que em sua versão do filme sobre a boneca da Mattel, temas ligados ao feminismo estejam inseridos em uma história genuinamente emocionante sobre pertencimento.

As Barbies dominam o mundo perfeito da Barbilândia, criado pela cenógrafa Sarah Greenwood com cores extremamente vibrantes e tamanha meticulosidade que, para quem gosta de detalhes, talvez seja necessário assistir o filme mais de uma vez nas telas do cinema.

Elas são ganhadoras do prêmio Nobel, todos os membros da Suprema Corte, presidente, engenheiras, médicas. O mundo é delas e os Ken sabem disso melhor do que ninguém. Como narra a voz onipresente de Helen Mirren, “todo dia é um dia bom para a Barbie. O Ken só tem um dia bom se ela olhar para ele”.

O trunfo da história escrita por Gerwig e seu parceiro, o também diretor e roteirista Noah Baumbach, é menos sobre os ares feministas dados para o plot do filme —que a essa altura do campeonato não são subversivos e Gerwig sabe disso — e mais sobre mostrar como o patriarcado também é maléfico para os homens.

Além das crises existenciais enfrentadas por Barbie e, em um certo nível, também por Ken, o filme tem momentos genuinamente engraçados, com ótimas piadas sobre a série da BBC ‘Orgulho e Preconceito’, ‘O Poderoso Chefão’ e o fenômeno aterrorizante para qualquer pessoa que se relaciona com um homem: o momento em que ele pega um violão para tocar uma música olhando diretamente no fundo dos seus olhos.

‘Barbie’ (2023). Créditos: Divulgação/Warner Bros.

‘Barbie’ é um fenômeno não apenas devido a um roteiro formidável e divertido—que constrói um mundo a partir de um ponto de vista único—mas também graças a uma estratégia de marketing muito bem traçada e à nostalgia que a boneca traz para diferentes gerações.

A primeira Barbie foi criada por Ruth Handler em 1959, nomeada em homenagem à sua filha, Barbara. Desde então, o brinquedo faz parte do imaginário de milhões de pessoas que já tiveram ou sonharam em brincar com uma.

Na sessão em que assisti ao filme, a grande maioria das pessoas estava vestida de rosa e, no caminho em direção ao cinema, haviam diversas lojas apenas com produtos pink nas vitrines, uma comoção e experiência coletiva que lembra à histeria das estreias de filmes de super-herói antes da pandemia.

‘Barbie’ é sim um produto, produzido pela Mattel, empresa multibilionária que tem como objetivo se apropriar de temas progressistas para vender bonecas e criar um império de adaptações das suas propriedades intelectuais para o cinema. Filmes da Polly Pocket, Barney e Uno devem sair do papel em breve e, para a audiência, resta esperar para descobrir se essas histórias também terão a humanidade e inventividade trazidas por Gerwig para o mundo de plástico da boneca.

‘Barbie’ está em cartaz em todos os cinemas de Maringá. Confira os horários das sessões.

Maringa.Com
Por Vanessa Santa Rosa