CED estreia espetáculo de dança contemporânea que propõe releitura do clássico 'Giselle'
Além da apresentação de 'Myrtha', o projeto também oferece duas oficinas sobre dança contemporânea e personagens femininas; saiba mais.
No dia 7 de março, às 20h, a CED – Cia Experimental de Dança estreia seu mais novo trabalho: Myrtha. O espetáculo de dança contemporânea será apresentado na Arena das Artes com entrada gratuita, todos os dias, até 12 de março. O projeto foi viabilizado por meio do Prêmio Aniceto Matti e também inclui duas oficinas abertas à comunidade.
- Receba as novidades de Maringá pelo Whatsapp ou Telegram.
- Siga o Maringa.Com no Instagram ou Google News.
Desta vez, a companhia formada por André Miranda, Leonardo Fabiano e Ludmila Castanheira revisita o segundo ato do balé clássico Giselle (de Adolphe Adam, Jules-Henri Vernoy de Saint-Georges e Théophile Gautier). Mais especificamente, dão foco na personagem Myrtha, a chefe das Wilis, um exército de mulheres traídas pelos homens que amaram, que voltam dos mortos em busca de vingança.
No balé Giselle, a protagonista apaixonada morre de tristeza ao saber ser enganada por um nobre que finge ser um camponês. Ao morrer, ela se torna uma Willi: fantasma de mulher morta antes do casamento em decorrência de alguma ação do noivo.
As Willis são muitas, sempre sepultadas fora e bem longe do cemitério, pois são tidas como indignas de estarem nas terras sagradas. Elas matam de tanto dançar os homens que encontram. Myrtha é a Willi mais antiga. Ela e outros fantasmas torturam o nobre que enganou Giselle quando esta, ainda apaixonada, reveza com ele na dança que dura até o amanhecer, período em que as Willis precisam voltar para a tumba. Com esse ato, Giselle livra o amado da morte, traindo Myrtha e as Willis.
Na releitura da CED, mesmo dançando a trilha original os bailarinos buscam criar novas narrativas para o balé mundialmente conhecido, investigando como Myrtha poderia auxiliar a desdizer o senso comum de mulheres sendo vitimizadas, para inventar um universo em que elas revidam.
A intenção é buscar trazer a perspectiva da mulher duas vezes enganada e, mesmo assim, retratada como vilã.
“As Willis serem retratadas como malignas e assassinas seria um sintoma do medo que a sociedade patriarcal tem do desejo feminino? Esta é uma das perguntas que nos moveram na realização deste projeto”, explica a bailarina e oficineira, Ludmila Castanheira.
Por meio de um cenário que evoca o aspecto fantasmagórico das Willis e figurinos puídos que trazem personagens diáfanas e decrépitas, o grupo dança bem perto do público, num palco em formato de passarela que permite a presença de um número limitado de pessoas (60 lugares).
"Nossa ideia com essa versão é a de explorar um pouco o que acontecia na existência da Myrtha antes da chegada de Giselle, o que ela fazia após matar os homens que adentraram a floresta? Qual é a relação entre Myrtha e as almas por ela rendidas? É como se víssemos o que acontecia na floresta enquanto o primeiro Ato do balé clássico se desenrola", comenta o bailarino e produtor, Leonardo Fabiano.
Além das seis apresentações, o projeto oferece duas oficinas gratuitas e abertas à comunidade, ministradas por André Miranda e Ludmila Castanheira.
A primeira, ministrada por Miranda, que neste trabalho assina as coreografias e direção, é uma oficina baseada no processo de criação do espetáculo, para pessoas iniciadas ou não nas práticas de dança.
Já a segunda oficina, ministrada por Ludmila, fala sobre como personagens femininos desobedientes têm sido retratados na literatura, poesia, cinema e cultura pop com o título “Mulheres más: como somos vistas se desobedecemos?”.
As inscrições serão feitas a partir de preenchimento de ficha de inscrição disponível no Instagram @ced_danca.