CULTURA

Escala Cultural apresenta Lume Teatro, de Campinas, com o espetáculo ‘Kintsugi, 100 memórias’

Apresentação será realizada nesta quarta-feira, 20 de julho, no Teatro Barracão de Maringá, às 20 horas

Escala Cultural apresenta Lume Teatro, de Campinas, com o espetáculo ‘Kintsugi, 100 memórias’
Assinada por Pedro Kosovski, a dramaturgia da peça reúne depoimentos e relatos dos atores. - Foto: Divulgação

O projeto Escala Cultural traz para Maringá, nesta quarta-feira (20), o grupo de Campinas, Lume Teatro com o espetáculo “Kintsugi, 100 memórias”. Com dramaturgia de Pedro Kosovski e direção do argentino Emilio Garcia Whebi, a apresentação será às 20 horas no Teatro Barracão, com entrada gratuita.

Kintsugi é uma técnica japonesa de restauração de cerâmica que utiliza uma mistura de laca e pó de ouro. Na cultura japonesa, as peças que recebem esta reparação comumente são mais valorizadas do que as que estão intactas. Ao invés de se envergonhar pelas “feridas” expostas, eles as embelezam para que sejam uma celebração constante da vida cotidiana – dos pequenos e grandes erros a possibilidade que se tem de aprender com isso.

O espetáculo “Kintsugi, 100 memórias” tem início com um vaso de cerâmica quebrado. Durante os 120 minutos de duração da montagem, os atores Ana Cristina Colla, Jesser de Souza, Raquel Scotti Hirson e Renato Ferracini vão tentando colar os pedaços, em uma conexão metafórica com as memórias e marcas assumidas pelo coletivo criado em 1985 em Campinas, São Paulo. 

A pesquisa que levou o Lume a este espetáculo vem sendo desenvolvida há alguns anos, quando a atriz Ana Cristina Colla se deparou com uma reportagem sobre a cidade de Angostura, na Colômbia, onde mais de 12% dos cerca de 12 mil habitantes têm uma mutação genética que leva a um tipo raro e precoce do Alzheimer. “A doença foi um disparador para colocarmos a memória como algo valioso e por isso a sua perda é irreparável. Usamos isso como uma costura dramatúrgica e ampliamos as memórias pessoais, mas sempre tensionando a fronteira entre o que é real e ficcional”, diz.

Já o ator Jesser de Souza conta que a montagem dá continuidade à linha de pesquisa do Lume, mas foge um pouco da estética dos espetáculos anteriores. “Como nossos projetos são gestados por muito tempo, acabamos por não realizar trabalhos datados que dialogam imediatamente com a contemporaneidade, mas acredito que a peça leve ao público uma reflexão mais atual sobre o descaso com a memória e seus apagamentos deliberados na história e na política”, enfatiza.

A partir da ideia de memória surgiu o conceito de cicatriz. No processo, o grupo trabalhou com as cicatrizes pessoais de cada ator e também com as cicatrizes do grupo. Então, entre a memória pessoal, a memória do grupo e a memória política ou histórica, consolidou-se o núcleo temático da peça. 

Assinada por Pedro Kosovski (vencedor do Prêmio Shell de melhor autor pelo espetáculo Caranguejo Overdrive), a dramaturgia reúne depoimentos e relatos dos atores, disparados por objetos pessoais e objetos próprios do Lume, com uma fabulação ficcional. 

ESCALA CULTURAL — Realizado por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura e o patrocínio de diversas empresas, o Escala Cultural busca selecionar espetáculos teatrais de grupos que estejam participando de festivais e mostras ou realizando apresentações isoladas por meio de editais, fazendo com que eles deem uma “paradinha” em Maringá, inserindo o município em seus roteiros.

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