Responsáveis pelos estudantes da rede estadual de ensino terão que justificar escolha de aula remota
A orientação é que as equipes gestoras encaminhem os casos de famílias que não autorizem o retorno aos Conselhos Tutelares de cada município
A Secretaria de Estado de Educação e do Esporte emitiu um ofício que orienta que as famílias justifiquem os motivos de não colocarem os filhos no modelo híbrido de ensino.
Quando a justificativa não for ser ou conviver com alguém do grupo de risco, ou dificuldade de transporte, o Conselho Tutelar vai analisar os casos, conforme orienta o ofício. De acordo com a Secretaria, atualmente, 22 mil alunos não frequentam a escola e também não fazem as atividades remotas, no estado.
No mês de julho, antes do retorno ao presencial, o número era de 54 mil alunos. O ofício aponta que a pandemia impactou na aprendizagem dos estudantes, com destaque para aqueles em situação de pobreza e vulnerabilidade social.
O doutor em educação, professor da rede estadual e de nível universitário, Reginaldo da Costa, acredita que, antes de forçar um retorno, as famílias e a comunidade escolar deveriam ser ouvidas. Ele acredita que a preferência pelo modelo remoto pode ter diversos motivos.
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“Na verdade, quando você vai para as escolas você observa muitas questões sociais. Eu acredito que não houve uma escuta das famílias pelo motivo do não retorno, que antes, por exemplo, de acionar qualquer outro órgão que force esse retorno, deveria escutar a família, quais são os motivos e a instituição escolar”, explicou.
Um dos argumentos da Secretaria é a preocupação com a evasão escolar. Para o professor, a retomada do ensino deve ser planejada. Além disso, acabar com o ensino remoto pode causar a evasão, segundo o professor.
“A questão de evasão nesses contextos é maior do que em qualquer outro lugar. O problema da questão da recuperação é como se pensa na recuperação. Porque não adianta achar que os alunos vão voltar e vai ter uma retomado de conteúdo e que tudo vai voltar ao normal”, argumentou.
A orientação é que as equipes gestoras encaminhem os casos de famílias que não autorizem o retorno aos Conselhos Tutelares de cada município. A reportagem aguarda um posicionamento dos conselhos sobre como será a checagem dessas situações. Ainda segundo a Secretaria, 350 mil estudantes vão presencialmente às escolas, e 650 mil têm aulas remotas, neste mês de agosto.