Bares e restaurantes de Maringá falam sobre atual cenário e novas medidas
Alguns restaurantes confiam no início do próximo mês para uma melhora no faturamento, outros salientam que a situação permanecerá complicada até o ano que vem.
Os bares e restaurantes de Maringá estão sentindo uma leve melhora após a liberação da prefeitura para consumo no local, seguindo todas as regras do decreto como capacidade em 50%, distanciamento das mesas e disponibilidade de álcool em gel. No entanto, o cenário não é muito positivo para o setor, que passou quase 60 dias fechado. Alguns restaurantes confiam no início do próximo mês para uma melhora no faturamento, outros salientam que a situação permanecerá complicada até o ano que vem.
De acordo com a sócia-proprietária do Boteco do Neco, Débora Kemmer, os bares e restaurantes estão se adaptando ao novo momento, mas ela reforça a necessidade da colaboração de todos para que a economia volte a circular. “Houve melhora do faturamento com o serviço no local em relação ao delivery, mas é preciso que todos colaborem para que a economia rode. A recuperação será lenta, 53 dias fechados, muita gente já fechou as portas, ou mandou funcionários embora, não está fácil. Mas acreditamos que aos poucos as coisas vão se acomodando”, disse.
Segundo Débora, o novo decreto publicado pela prefeitura nesta segunda-feira (18), endureceu algumas possibilidades, mas o setor vai se adaptar. “Entendemos que de imediato fez-se necessário para as pessoas entenderem que precisamos voltar com responsabilidade. Todos precisam ir com muita calma, para ativar a economia e conseguir rodar sem problemas”, afirmou.
O sócio-proprietário do Restaurante Casa Portuguesa, Euclides Marchiotto, relata que a situação é complicada, visto que 90% dos clientes que frequentavam o local antes da pandemia, durante a semana, eram de fora da cidade. Com as medidas de isolamento, o restaurante enfrenta um cenário difícil. “Reabrimos na semana passada para consumo no local otimistas com o bom movimento de terça e quarta-feira, mas quinta e sexta foi difícil. Nosso público não é jovem, nossa clientela é mais reservada, então é natural”, disse.
O diretor do Democrático Bar, Batista Franco, questiona algumas medidas do novo decreto como a proibição de som ambiente e TV. Segundo ele, a fiscalização deve ser rigorosa e objetivar a contenção do vírus, “mas não pode se transformar em uma caça às bruxas dos bares com o objetivo de colocar toda a população contra o setor, que em sua imensa maioria vem cumprindo com todas as normas”, afirmou.
Batista reforça que o setor de alimentação sempre foi pautado por normas sanitárias rígidas. “Além disso, o setor nunca utilizou o transporte público, em razão do horário de fechamento dos bares e restaurantes. Esses são dois fatores que já colocam o nosso segmento em vantagem aos demais no que tange ao risco de contaminação”. Ele destaca a importância da ampla divulgação das normas estabelecidas nos decretos, visto que muitos estabelecimentos estão se adaptando. “Tomamos conhecimento de alguns poucos e pontuais excessos cometidos por alguns bares, muito por falta de informação ou ainda se ajustando as normas”, disse.
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O faturamento na primeira semana com consumo no local representou em torno de 25% de uma semana normal no Democrático. “Além da capacidade reduzida a 50% das mesas, tivemos que fechar as portas justamente no horário de maior movimento”, explicou. Segundo ele, a recuperação será gradual, e o estabelecimento ainda terá alguns meses no vermelho. “Pela projeção que fizemos, precisaremos de um ano para recuperar os prejuízos”.
PÓS-PANDEMIA – O sócio-proprietário do Restaurante Monte Líbano, Eidmar El Ghoez, levanta um questionamento sobre o perfil de consumo no pós-pandemia. Segundo ele, a virtualização de reuniões, por exemplo, pode abrir precedentes que afetarão muito nas vendas dos restaurantes que têm alta clientela de fora da cidade.
“Vamos enfrentar um novo normal e não tenho perspectivas para bons resultados ainda este ano. É uma situação que não têm culpados, mas os empresários do setor enfrentam essa situação que afeta o financeiro e também o psicológico. Restaurantes fechando as portas, demitindo...”, pontuou. El Ghoez salienta que além do receio de sair de casa, a “situação econômica das famílias afeta o consumo nos restaurantes”.
NOVAS ESTRATÉGIAS – Com o impacto no setor, os restaurantes precisam se reinventar. Muito além de adaptar os negócios para o delivery, inovação e criatividade para superar essa fase são essenciais. O Baco Espaço Gastronômico, está trabalhando em novos projetos com o intuito de proporcionar novas experiências ao cliente. De acordo com o diretor do Baco, Diego Pavan, o restaurante passará a oferecer kits com os alimentos prontos para que as pessoas preparem o prato em casa.
“Aproveitando esse momento em que muitas pessoas desenvolveram o gosto por cozinhar, nos adaptando aos novos costumes, vamos fazer kits para que a pessoa prepare toda a refeição em casa, o kit vai com os alimentos e o modo de preparo. Tudo isso para agregar a experiência de cozinhar e aproximar o cliente do ambiente do Baco”, explicou. Segundo Diego, o produto será lançado no início de junho, com kits especiais para o Dia dos Namorados.