Agência do Trabalhador, terminal rodoviário, restaurantes populares, prefeitura. Esses são alguns dos lugares onde professores do Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos (Ceebja) Professor Manoel Rodrigues da Silva, em Maringá, saem em busca de alunos. O objetivo é mostrar a pessoas que por algum motivo deixaram a escola que nunca é tarde para voltar à sala de aula.A ideia surgiu em 2016, quando a atual equipe gestora da instituição tomou posse, sendo aplicada desde então. A diretora auxiliar Silvia Helena Zequim Maia explica que a iniciativa ajuda a população da cidade a conhecer melhor e valorizar o Ceebja, que tem profissionais capacitados para a educação desse público específico, formado por pessoas que não concluíram os estudos em idade escolar. O trabalho é desenvolvido também pelos demais diretores Ausileide Alves Leal, Cybele de Rossi e Juliano Douglas Nunes Pereira.Silvia diz que, se quisesse, poderia escrever um livro com as histórias com as quais se deparou nessas abordagens feitas em espaços públicos. “Há jovens que deixaram a escola porque estão inseridos em uma situação de exclusão familiar, de vulnerabilidade, mas também senhores que tiveram que trabalhar muito e mulheres que foram proibidas pelos pais ou marido de estudar, enquanto outras abandonaram a escola porque foram mães muito cedo”.Também não é incomum encontrar pessoas que nunca frequentaram sequer a fase inicial do Ensino Fundamental. Nesses casos, os profissionais acionam o município, responsável pela educação do 1º ao 4º ano. O Ceebja oferta os anos finais (5° ao 9° ano) do Ensino Fundamental e Ensino Médio.
PAPEL SOCIAL - Quando se fala em Educação de Jovens e Adultos, a primeira coisa que vem à cabeça são as melhores oportunidades de trabalho trazidas pelo grau mais avançados de escolaridade. Uma melhor colocação no mercado desses cidadãos é um dos objetivos dos professores do Ceebja de Maringá. Mas vai além.
De acordo com Silvia, “a escola não existe apenas para o aluno arrumar emprego. Ela cumpre um papel social. “Ficar sem estudar mexe com a dignidade da pessoa, deixa com a autoestima baixa. A escola traz oportunidades, apresenta novas pessoas, promove amizades e trocas de ideias, humaniza”, disse. “A sensação de saber que se trouxe alguém de volta à sala de aula é “inigualável”.A equipe pedagógica também fica atenta aos casos de abandono escolar. Segundo Silvia, a instituição faz levantamentos periódicos a fim de observar quais são os alunos mais faltosos. Identificados esses estudantes, eles são contatados para que a escola possa entender o que aconteceu e tentar reverter a situação.“Eu tenho muito orgulho em fazer parte do Ceebja há 22 anos, de estar nessa escola, com esses alunos, e fazer parte da equipe de gestão da instituição”, destaca a diretora auxiliar.
A UNIDADE – Terceiro maior Ceebja do Paraná, o Professor Manoel Rodrigues da Silva atende cerca de 3,7 mil alunos, tanto na estrutura física da própria instituição quanto na modalidade de Ação Pedagógica Descentralizada (Aped), com atendimento noturno em diversos bairros da cidade, em salas de outros colégios estaduais ou cedidas pela prefeitura, em escolas municipais. A escola possui televisão e acesso à internet em todas as salas.Para frequentar as disciplinas do Ensino Fundamental II, o aluno precisa ter, no mínimo, 15 anos. Aos estudantes do Ensino Médio é exigida a idade mínima de 18 anos.