Um dos protocolos da Rede Mãe Paranaense para os nascidos no Estado é a realização do teste do pezinho nas primeiras 48 horas de vida do bebê. Dados do Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN) mostram que 167.485 testes do pezinho foram feitos no Paraná em 2016, ou seja, 100% dos nascidos vivos paranaenses passam pelo procedimento.No Estado, o teste é feito pela Fundação Ecumênica de Proteção ao Excepcional (Fepe).“A parceria da Secretaria de Estado da Saúde com a Fepe garante a realização do exame a todos os bebês e o diagnóstico precoce de seis doenças atualmente. Mas, ainda neste ano, o número de doenças que podem ser detectadas através do teste será ampliado para garantir saúde de qualidade às nossas crianças”, disse o superintendente de Atenção à Saúde, Juliano Gevaerd.O teste consiste em uma picada no calcanhar da criança para colher gotas de sangue e detectar doenças raras, genéticas e hereditárias, como fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, doença falciforme, fibrose cística, hiperplasia adrenal congênita (HAC) e deficiência de biotinidase. Estas enfermidades afetam o sistema neurológico, podendo causar possíveis deficiências intelectuais.“O teste do pezinho é a única forma de diagnosticar estas doenças. Nenhuma criança nasce com traços visíveis de que está doente e os sintomas só aparecem com o tempo. Sem o teste não há como descobri-las em tempo hábil de começar o tratamento”, destacou a coordenadora do Serviço de Triagem Neonatal da Fepe, Mouseline Domingos.Para que haja maior eficácia, o teste precisa ser feito nas primeiras 48 horas após o nascimento e é obrigatório para todos os nascimentos, sejam na rede pública ou privada (Lei nº 10.097/2002). Caso o teste mostre alguma alteração, será repetido para confirmar ou descartar as suspeitas. Em média, o resultado leva uma semana para ficar pronto.
“Se o diagnóstico for feito mais cedo, os resultados serão melhores. Infelizmente, nenhuma destas doenças têm cura, mas todas têm tratamento, e quanto mais rápido começarmos o tratamento, menor será o impacto que a criança sofrerá”, afirmou a coordenadora da Divisão de Saúde da Criança, Iolanda Novadzki.
HIPOTIREOIDISMO – Entre as doenças que são detectadas pelo teste do pezinho, o hipotireoidismo é a que possui o maior índice. A cada 4 mil crianças que nascem no Paraná, uma têm a doença.Marcela Lima, médica endocrinologista pediatra, atua no tratamento da doença há oito anos e ressalta a importância das mães em refazerem o teste. “Quando o teste apresenta alguma alteração, as mães precisam ter a consciência de trazer a criança para uma nova coleta, mas nem sempre é o que acontece. Algumas demonstram resistência ou medo e assim o tratamento demora muito para começar, o que pode causar danos severos à saúde de seus filhos”, disse.Um dos casos onde o diagnóstico rápido foi crucial para que a criança não desenvolvesse maiores sequelas aconteceu com Raquel Marchner.Há cinco, anos sua filha Alice, foi diagnosticada com hipotireoidismo ao fazer o teste. Orientada pelos médicos, Raquel refez o procedimento, que confirmou o diagnóstico. Alice iniciou o tratamento poucos dias depois.“Se não fosse o teste do pezinho minha filha teria problemas muito maiores. Ele é fundamental para a saúde das crianças. Minha Alice hoje já esta na escolinha e é uma ótima aluna”, salientou.