EDUCAÇÃO

Braille inclui alunos cegos no ensino regular

Braille inclui alunos cegos no ensino regular
José Mateus faz suas descobertas diariamente
A Secretaria Municipal de Educação (Seduc) disponibiliza profissionais habilitados, material didático em braille e sala de recursos multifuncionais para incluir alunos com deficiência visual no ensino regular. Toda estrutura adequada está disponibilizada para atender crianças na educação infantil e ensino fundamental, e até os adultos por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA).

José Mateus Soares Santos é um desses alunos. Na EJA desde 2014, ele está sendo alfabetizado e destaca suas conquistas desde o ingresso na escola. “Eu já estou lendo letras e frases. Meu sonho é ser professor e eu sei que vou chegar lá”, destaca. Além do ensino regular, ele tem aula duas vezes por semana na sala de recursos multifuncionais na Escola Municipal Professora Nadyr Maria Alegretti.

A professora Letícia Nishiyama relata que na sala de recursos é feita a alfabetização em braille e o processo é semelhante a alfabetização no ensino regular. O aprendizado inicia pelo alfabeto para conhecer as letras, depois com a construção de palavras e frases. No ensino regular, o material didático utilizado na EJA também está traduzido em braille. “Todas as atividades são voltadas a estimular ele a alcançar os seus sonhos. Nesse processo, o apoio da família é fundamental para garantir a evolução no aprendizado”, destaca.

Na sala de recursos, diversos instrumentos são utilizados para leitura e produção da escrita. As regletes, uma espécie de régua com espaços para marcar as celas do alfabeto, iniciam a escrita. Uma máquina de escrever em braille também é outro equipamento para escrita. Os pontos ficam elevados em papel mais espesso. Cada ponto ou o conjunto de pontos corresponde a uma letra e a um número.

O tato é o método para leitura e também para fazer cálculo matemático. O soroban é o instrumento utilizado. José Mateus faz suas descobertas diariamente, a cada letra e a cada número. O conhecimento vai se acumulando e as frases começam a tomar forma para novos conhecimentos serem gerados. A limitação desse futuro professor é apenas uma questão de tempo porque ele já está percorrendo o caminho necessário para conquistar o seu sonho.

Saiba Mais - Os desafios enfrentados por um jovem com deficiência visual para estudar. Essa foi a realidade enfrentada pelo criador do sistema braille. Louis Braille tinha 10 anos quando foi estudar no Instituto Real dos Jovens Cegos, em Paris. Ele criou o sistema de escrita para cego, antes restritos a métodos de disseminação do conhecimento pela audição e repetição. O sistema de Braille começou a ser testado em 1843 na mesma escola onde ele estudou, e que depois foi disseminado pelo mundo.

No Brasil, José Alvares de Azevedo, outro jovem cego e ávido por conhecimento, foi enviado para Europa aos 10 anos de idade para estudar na mesma instituição francesa. Ao retornar ao seu país de origem, dedicou-se não só a difundir o sistema, como à fundação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos no Rio de Janeiro. Considerado o patrono da educação dos cegos no Brasil, amanhã, 8 de abril, é o Dia Nacional do Sistema Braille para homenagear Azevedo.