O Brasil, segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação (FAO), está entre os 10 países do mundo que mais desperdiçam comida, jogando para a lata de lixo 30% do que é produzido. O Paraná, no entanto, foge um pouco à regra. Por causa das ações das cinco unidades da Ceasa, localizadas em Curitiba, Foz do Iguaçu, Maringá, Londrina e Cascavel, apenas 12% dos 1,2 milhão de toneladas de hortifrutigranjeiros que chegam à instituição são desperdiçados, o que ajuda a diminuir a porcentagem nacional.Uma dessas ações é o Banco de Alimentos, projeto que visa reaproveitar hortigranjeiros sem padrão de comercialização, mas em boas condições para o consumo. Em 2016, por exemplo, cinco toneladas de alimentos foram reaproveitados, o que dá uma média de 418 mil quilos de hortigranjeiros por mês. As berinjelas, tomates, abóboras e melancias aproveitadas são doadas para uma das 530 entidades sem fins lucrativos cadastradas no programa, como a Associação Menonita de Assistência Social (AMAS).A entidade social, que tem unidades em Curitiba e em outros três municípios do Paraná, recebe cerca de 100 kg por mês de frutas e verduras, que são usadas no almoço, no jantar e na preparação de sucos para cerca de 500 crianças em vulnerabilidade social. “Essa parceria de 17 anos com a Ceasa é muito importante para a gente porque dependemos de doações”, diz a gestora da AMAS, Ingrid Koop Winter.
DESPERDÍCIO - Ao evitar o desperdício de alimentos, o Paraná contribui com um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da FAO, que quer diminuir a perda de alimentos na América Latina pela metade até 2030. De acordo com o relatório Perdas e Desperdícios de Alimentos na América Latina e Caribe, divulgado no início de 2016, com os 127 milhões de toneladas de alimentos perdidos na região todo o ano seria possível alimentar 37% da população que sofre com a fome.
BOAS PRÁTICAS - O Ceasa Paraná adotou também o Projeto Boas Práticas de Comercialização em suas cinco unidades, que consiste em orientar agricultores e permissionários atacadistas no cumprimento das normas sanitárias vigentes. “Fazemos, de tempos em tempos, campanhas com os produtores e permissionários para evitar o desperdício. Uma das questões que sempre reforçamos é a necessidade do uso de caixas de madeira novas para transportar o alimento, evitando, dessa forma, que a madeira velha possa colaborar com a criação de fungos nos hortifrutigranjeiros”, diz o gerente da divisão social da Ceasa, Gilmar Pavelski.
CRIATIVIDADE - Pavelski conta que, às vezes, algumas famílias não pegam verduras do Banco de Alimentos porque não sabem utilizar. “Muita gente não sabe como fazer berinjela, por exemplo. Por isso, começamos a promover oficinas e palestras sobre como preparar certos vegetais”, relata. Nos eventos, como o Culinária Sustentável, os profissionais também ensinam como aproveitar partes dos alimentos que seriam jogados fora, como a casca de abóbora, o talo de brócolis e as folhas de couve-flor.