CULTURA

Filme “A Verdade” será exibido no Convite ao Cinema deste sábado (9)

Filme “A Verdade” será exibido no Convite ao Cinema deste sábado (9)
“A Verdade” é considerado o melhor trabalho de Brigitte Bardot

O projeto Convite ao Cinema, da Secretaria Municipal de Cultura (Semuc), apresenta neste sábado (9), às 20 horas, o filme “A Verdade”, do diretor Henri-Georges Clouzot, no auditório Hélio Moreira, anexo ao Paço Municipal. O longa-metragem tem classificação de 16 anos e a entrada é gratuita a toda a comunidade. A orientação é que os participantes cheguem ao menos 15 minutos antes do início do filme. Após a exibição, o coordenador do projeto, Paulo Campagnolo, fará um debate sobre a obra.

Projeto

O Convite ao Cinema tem como objetivo a formação de plateia para obras cinematográficas importantes, clássicas e contemporâneas, e que possam suscitar discussões não apenas sobre o cinema, mas sobre assuntos pertinentes da atualidade.

Confira o texto do coordenador do Convite ao Cinema, Paulo Campagnolo, sobre o filme:

Penúltimo filme de um grande nome do cinema francês, “A Verdade” não teve lá a mesma repercussão crítica de seus belos trabalhos anteriores - que incluem as obras-primas “O Corvo” (polêmico filme de 1943 que promoveu Clouzot à condição de persona non grata por, supostamente fazer um filme de propaganda anti-francesa, colocando-o na “geladeira” durante 4 anos) e “O Salário do Medo” (de 53), além do suspense “As Diabólicas” (de 55). Hoje, naquele que é considerado o melhor trabalho do símbolo sexual Brigitte Bardot, revela-se um belo achado cuja história (em excelente utilização de flash-backs) narra o processo de Dominique Marceu (Bardot), acusada de assassinar seu amante (Sami Frey). A reconstituição do caso, no tribunal, diante da conduta considerada promíscua da personagem central, acaba sendo muito mais um julgamento moral, do que propriamente de um assassinato. Bardot, que na época, logo após fazer o filme, tentou suicídio (como sua personagem, aliás), queria sair do mero “lugar” de símbolo sexual e faz de sua Dominique uma personagem emblemática, com a ajuda de um rigoroso, duro e misógino Clouzot - rendendo-se a uma Paris cujas “delícias” seriam impossíveis na sua provinciana cidade. Abusada e intransigente em relação à sua liberdade, perambula por cafés, faz amigos, deita-se com alguns e rouba o namorado da irmã (Sami Frey). Mas o ciúmes dele não deixa que ela seja o que quer. Daí para o crime, dois ou três passos, com uma inversão do jogo amoroso. Com ótimo roteiro e algumas belezas modernas na montagem, o quebra-cabeças “A Verdade” tem como base uma história real ocorrida na França na década de 50. Mas, como podemos ver, de tempos em tempos, é uma história que se repete sempre com certa regularidade. Já o moralismo de uma sociedade sexista leva uns tabefes na cara através das atitudes de Dominique, nunca hipócritas.