O projeto Convite ao Cinema, da Secretaria Municipal de Cultura (Semuc), apresenta neste sábado (2), às 20 horas, o filme “Rede de Intrigas”, do diretor Sidney Lumet, no auditório Hélio Moreira, anexo ao Paço Municipal. O longa-metragem tem classificação de 16 anos e a entrada é gratuita a toda a comunidade. A orientação é que os participantes cheguem ao menos 15 minutos antes do início do filme. Após a exibição, o coordenador do projeto, Paulo Campagnolo, fará um debate sobre a obra.
ProjetoO Convite ao Cinema tem como objetivo a formação de plateia para obras cinematográficas importantes, clássicas e contemporâneas, e que possam suscitar discussões não apenas sobre o cinema, mas sobre assuntos pertinentes da atualidade.
Confira o texto do coordenador do Convite ao Cinema, Paulo Campagnolo, sobre o filme:Há 40 anos, “Rede de Intrigas” era uma sátira cáustica sobre o mundo da televisão. Hoje, trata-se de um filme profético sobre os bastidores de uma rede de TV que alcança uma estranha notoriedade quando um de seus apresentadores jornalísticos, depois de ser demitido, anuncia que irá se matar diante das câmaras na próxima (e sua última) edição do jornal. Catapultado à condição de “profeta” dos novos tempos, o jornalista (Peter Finch, em atuação arrasadora, que morreria logo após as filmagens e seria o primeiro ator a receber um Oscar póstumo) torna-se uma grande atração ao ser colocado ao vivo diante das câmeras, pregando a não resignação e conformismo das massas. Do arrivismo entre seus membros, ao completo cinismo com que as relações são estabelecidas, o caos e a alienação são colocados em cena através de um estudo de personagens dos mais emblemáticos do cinema americano, com a direção extraordinária de Lumet e o roteiro de Paddy Chayefsky premiado com o Oscar. Por seus papéis, Faye Dunaway (como uma espécie de “besta do apocalipse”, louca por ibope e, consequentemente, mercado) e Beatrice Straigh (em atuação de 5 minutos, de integridade invejável) também levaram a estatueta, como atriz principal e coadjuvante respectivamente. Moralmente corrosivo, o filme tem tema difícil que Lumet, como um mestre, lida com enorme inteligência. Com personagens marcantes, performances incendiárias e um texto que deve ter feito Billy Wilder vibrar, “Rede de Intrigas” pode ser lido como uma alegoria política e o mundo da TV, como todos sabem, segue apenas um ditado: quanto mais cínico, melhor. Não sobra pedra sobre pedra. É fantástico (!!!).