A Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento divulgou o relatório mensal do Departamento de Economia Rural (Deral). O departamento aponta prejuízos de 12% nas lavouras de milho da safra 2015/16 em relação à produção estimada no início da safra. O milho sofreu com estiagem de abril e maio, especialmente na região Norte do Estado, e em junho foi atingido por geadas severas.Os primeiros levantamentos mostram que a produção deve variar de 11,3 a 11,4 milhões de toneladas. A estimativa inicial apontava para uma colheita de 12,9 milhões de toneladas.Segundo o diretor do Deral, Francisco Carlos Simioni, o percentual de perdas pode ser ainda maior no decorrer da colheita, quando serão efetivamente avaliados os impactos da geada. “Até agora foram colhidos 10% da área plantada e este milho não foi aquele afetado pela geada. Em julho, quando a colheita se intensifica, o índice de perda em produtividade poderá aumentar e será o momento em que poderemos avaliar a qualidade do grão”, diz Simioni.As perdas nas lavouras de milho no Paraná, segundo maior produtor do País, ocorrem em um quadro de escassez do grão. Segundo a Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), a produção brasileira de milho na safra de verão foi de 79 milhões de toneladas, 6% menor que na safra anterior.Este cenário, agravado a um volume de exportação maior e ao câmbio favorável às exportações, fez os preços do milho explodirem. O preço na semana de 24 junho foi de R$ 36,11 a saca de 60kg, o que representa um crescimento de 88% em relação a junho do ano passado quando as cotações estavam em torno de R$ 19,17 a saca de 60kg.“A produção estadual de milho poderá girar no mercado algo em torno de R$ 9 bilhões, com a comercialização do grão este ano”, informa o técnico do Deral Edmar Gervársio.Nesta segunda safra de milho foram plantados 2,19 milhões de hectares no Estado, com uma produção estimada de 11,4 milhões de toneladas. Na safra 14/15 a produção foi de 11,5 milhões de toneladas.Segundo Gervásio, a escassez do milho já acendeu a luz de alerta para a cadeia produtiva de carnes. “O consumo estimado pela indústria é maior do que o milho disponível, por isso deve haver importação de outros países e estados para atender a demanda.”O Deral também divulgou os números das outras lavouras de inverno: segunda safra de soja, de feijão e trigo, além de mandioca e fumo. A produção estimada de grãos de inverno é de 3,9 milhões de toneladas.
SOJA - Os números atualizados da safra 15/16 de soja confirmam redução de 9% na produção, com a colheita de 16,6 milhões de toneladas. A quebra foi causada pelo excesso de chuva.Segundo Marcelo Garrido, do Deral, havia uma expectativa de produção recorde que não se cumpriu, mas o produtor está satisfeito com a rentabilidade. “A comercialização está bem adiantada, com 75% da soja já vendida, com excelentes preços”.Em junho de 2015 a soja foi comercializada a R$57,00 a saca de 60kg e, na última semana de junho o produtor receberá em média R$ 81,77. Isso representa um acréscimo de aproximadamente 43,5% no período.“A alta está sendo sustentada pela demanda internacional, com um dólar valorizado e devido a quebras na produção do Brasil e Argentina”, analisa Garrido. A safra nos Estados Unidos, maior produtor mundial, evolui de forma satisfatória e mesmo que tenha uma boa safra, a demanda pelo grão deve continuar a remunerar bem o produtor.A safrinha de soja, também chamada de segunda safra, já foi encerrada. A área plantada foi 13% maior que no ano passado, mas a produção 4% menor, devido a problemas climáticos. Das 339 mil toneladas previstas, foram colhidas 318 mil toneladas.Garrido lembra que este foi o último ano em que se permitiu o plantio da segunda safra de soja. Conforme determinação da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), o período para semeadura da soja será entre 16 de setembro a 31 de dezembro, como forma de prevenção à ferrugem asiática.
FEIJÃO - As lavouras da safra 2015/16 de feijão também registraram perdas devido ao clima. O potencial produtivo do feijão paranaense projetava uma produção de 750 mil toneladas, mas teve uma quebra de 19%, obtendo-se aproximadamente 607 mil toneladas.
“Houve perdas de 14% na primeira safra, de 23% na segunda safra e no feijão de inverno, menor volume das três safras, já registram perdas em torno de 60%”, explica Carlos Alberto Salvador, do Deral.Devido a oferta reduzida do grão, principalmente do feijão do grupo carioca, os preços extrapolaram qualquer previsão. Comparando com o mesmo período de 2015, ocorreu uma alta de 250% para o feijão de cor e de 147% para o feijão preto. O produtor está recebendo pelo feijão de cor R$ 391,09/saca de 60 kg e para o feijão preto R$ 211,39/saca de 60 kg.Salvador informa que é difícil estimar até onde estes preços poderão chegar, por isso o governo federal reduziu a zero a alíquota de importação de feijão, para aumentar a oferta interna e forçar uma redução nos preços ao consumidor. A medida deverá beneficiar a China, que já é um dos tradicionais exportadores do grão ao Brasil. Os países do Mercosul, como Paraguai e Argentina, já têm alíquota zero e, portanto, acesso livre ao mercado brasileiro.O plantio de feijão ocorre em todos os estados brasileiros, mas o Paraná é o principal produtor da leguminosa e responsável por 24% da produção nacional, somando as três safras. Até o momento 85% da segunda safra já foi comercializada, restando 46 mil toneladas nas mãos dos agricultores.
TRIGO - Enquanto algumas culturas sofrem com o clima, o trigo está sendo beneficiado pelas baixas temperaturas. Na maioria das áreas cultivadas, o trigo está em fase de bom desenvolvimento vegetativo.“O plantio está quase encerrado, atingindo 85% da área prevista, faltando concluir o plantio na região Sul, que deve terminar em meados de julho”, comenta o engenheiro agrônomo Carlos Hugo Godinho, técnico responsável pela cultura no Deral.A estimativa de plantio é de 1,13 milhão de hectares, menor do que a safra passada e a previsão é de colher 3,4 milhões de toneladas. Segundo Godinho, a redução no plantio se deve à competição com outras culturas que estão remunerando melhor o produtor, como o milho e a soja.Segundo dados da Conab, o consumo de trigo no Brasil vem diminuindo nos últimos anos. Em 2013, o consumo foi de 11,3 milhões de toneladas e no ano passado caiu para 10,2 milhões de toneladas.O Brasil deve produzir neste ano 5,8 milhões de toneladas de trigo, praticamente metade do consumo interno. O Paraná é o maior produtor de trigo do País e sua produção abastece basicamente a indústria moageira estadual, que é muito forte.
MANDIOCA - Depois de um ano de preços abaixo do custo de produção, os produtores de mandioca do Paraná começam a ficar mais otimistas com a reação dos valores e o aquecimento do mercado que começou em abril. A avaliação é do economista Methódio Groxko, do Deral.A área cultivada nesta safra 2015/16 é de 131 mil hectares, menor do que a do ano passado, quando foram cultivados 143 mil hectares. A previsão é de produção de 3,7 milhões de toneladas. A redução de área é explicada pela falta de estímulo ao produtor, que sofreu com fortes chuvas que atrapalharam o andamento da safra no início do ano.Hoje o produtor está recebendo R$ 320,00 por toneladas da raiz. “Isso cobre o custo de produção,” explica Groxko. Mas existe outra preocupação para a safra 2016/17 que é a falta de maniva-semente de boa qualidade para o plantio. “Justamente, pelo excesso de chuvas as plantas foram prejudicadas e podem comprometer o plantio da próxima safra.”
FUMO – Neste ano, as lavouras de fumo do Paraná tiveram uma boa safra em termos de qualidade, embora tenha ocorrido uma quebra de 15% em relação à produção. “Tínhamos uma estimativa de produção de 174 mil toneladas e foram colhidas 148 mil toneladas, devido ao grande volume de chuva”, explica GroxkoO fumo é uma opção de diversificação para o produtor e em algumas áreas o Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (Sinditabaco) está estimulando, em parceria com o Governo do Estado, o plantio de feijão e milho após a colheita do fumo. Isso tem dado um bom resultado, porque há uma redução no custo de produção dos grãos, pois ocorre o aproveitamento residual dos fertilizantes aplicados no fumo.A produtividade média do milho nestas áreas consorciadas está estimada em 6,1 toneladas por hectare, o que pode render até R$ 67 milhões. Nas áreas com feijão, a produtividade projetada é de 2,2 toneladas por hectare, com um rendimento esperado de aproximadamente R$ 52 milhões, segundo dados do Sinditabaco.