O Paraná é o maior produtor de plantas medicinais, aromáticas e condimentares do País – o Estado responde por 90% da produção nacional. Cerca de 1,8 mil agricultores familiares trabalham no cultivo das ervas, que em 2014 movimentaram R$ 78 milhões com uma produção de 27,4 mil toneladas. “O valor agregado dessas plantas é muito alto. Em todo o Estado, são cerca de 6 mil hectares plantados. Na comparação com outras culturas, como a soja e o milho, o faturamento das ervas medicinais por hectare, por exemplo, é sete a dez vezes maior”, explica Cirino Corrêa Júnior, coordenador do Projeto de Plantas Potenciais do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). As condições de clima, do solo, o apoio e a assistência técnica da Emater aos agricultores contribuem para o destaque do Paraná no cenário nacional. São mais de 80 espécies cultivadas em diversas regiões do Paraná, com destaque para a camomila, hortelã, melissa e o ginsseng brasileiro, na área de plantas medicinais. Entre os temperos, a salsinha e a cebolinha desidratada, seguidas da pimenta e do orégano, têm a produção mais relevante. A utilização dessas plantas é bastante variada – são mais de 40 segmentos de mercado. Entre eles, estão a produção de remédios fitoterápicos, aromaterapia, óleos para massagem, vitaminas e suplementos alimentares, óleos essenciais, condimentos, produtos esportivos, alimentos funcionais, produtos para controle do peso, de higiene pessoal, fitocosméticos, alimentos para animais de estimação, chás aromatizados, chimarrão e medicamentos veterinários, entre outros. O INÍCIO – A produção de plantas medicinais, aromáticas e condimentares no Paraná teve início na década de 1980, quando o técnico Cirino, contratado pela Emater, procurava uma alternativa de produção para os agricultores familiares da Região Metropolitana de Curitiba. Ele foi encaminhado para coordenar um trabalho em uma região em que o plantio tinha baixa rentabilidade, local pouco desenvolvido em relação ao Norte do Estado.
O engenheiro encontrou pequenas áreas plantadas de camomila nos municípios de Mandirituba e São José dos Pinhais e iniciou um trabalho intenso na região, que depois foi ampliado gradativamente para outras áreas do Paraná, voltado ao desenvolvimento do cultivo de plantas medicinais. PLANTAS MEDICINAIS – O coordenador da Emater explica que atualmente o cultivo de plantas medicinais é muito significativo no Estado. “A Emater faz um trabalho de peso nessa área em todo o Paraná. Hoje já existe mercado para exportação e estudos para ampliar essa comercialização”, conclui. A camomila envolve cerca de 600 agricultores em um sistema de cooperação. A produção da planta ocupa área de 3 mil hectares no Estado e movimenta, em média, R$ 12 milhões por ano. Há quatro anos, o agricultor Cleberson Sandeski cultiva camomila e está contente com o resultado. “Como somos pequenos produtores, é uma alternativa que compensa em relação à soja e ao milho. A renda é bem melhor”, afirma. A produção está concentrada na região Centro-Sul do Estado, nos municípios de Mandirituba, São José dos Pinhais, Quitandinha, Campo Tenente e Guarapuava. Em 2014, a camomila produzida no Paraná passou a ser exportada para a Itália e a Alemanha. Antes, a comercialização era restrita ao mercado interno. O ginsseng brasileiro movimenta cerca de R$ 2 milhões por ano. Cerca de 70 agricultores se dedicam ao seu plantio em uma área de 60 hectares, com destaque na região de Querência do Norte. Anualmente são exportadas 200 toneladas do ginsseng para o Japão e os produtores paranaenses já estão de olho em outros possíveis mercados – China e Europa.