A população brasileira, muita vezes, desconhece fatores que levam à degradação da natureza, principalmente quando se trata dos medicamentos e resíduos de serviços de saúde. A ausência de informação promove riscos e danos ao ambiente, pois esses resíduos acabam indo para destinos incorretos e contaminando solo, lençóis freáticos, rios. O problema se agrava quando a população, que armazena medicamentos em casa não é orientada sobre destinação final e acondicionamento correto dos remédios.Acadêmicas fazem o trabalho de orientação Por isso, a professora Sueli Castilho, do Departamento de Enfermagem, desenvolveu uma ação de informação sobre Descarte Correto de Medicamentos, na disciplina de Práticas Integradas de Saúde. A ação é realizada, semanalmente, na Unidade Básica de Saúde (UBS) Pinheiros pelos alunas do terceiro ano do curso. São dez envolvidos: Aline Ribeiro, Andressa Cervilheri, Daiane Modus, Érica de Almeida, Giovana Procidonio; Juliana Cruz, Natália de Sousa, Paloma Ramos, Rafaela Montanha e Rosimara Queiroz. Segundo a professora, pesquisas relatam que mais de 93% das residências brasileiras possuem, pelo menos, um medicamento guardado em casa. São analgésicos, diuréticos, antibióticos, antiinflamatórios, antiácidos e outros. A preocupação é quanto ao armazenamento. “O armazenamento incorreto desses remédios pode causar alterações na composição, diminuindo a eficácia, mesmo estando dentro do prazo de validade”, explica Sueli. A professora alerta, primeiramente, para uma medida de segurança: é preciso deixar o medicamento em local seguro, fora do alcance das crianças e idosos. Ela também recomenda observar, no rótulo e na bula, a temperatura adequada para conservação. Alguns medicamentos, por exemplo, devem ser armazenados em geladeiras. Pia de banheiro ou de cozinha não são locais indicados para guardar remédios, que devem fucar protegidos da luz solar, do calor e da umidade, e sempre longe de fogão ou microondas. “Também é importante guardar o medicamento na embalagem original, sem remover o rótulo; não deixar o remédio no interior do carro por muito tempo: e certificar que frascos estejam bem fechados, do contrário há riscos de contaminação ou alteração na composição’, detalha a professora, que ainda fala sobre o risco de intoxicação pelo reaproveitamento de frascos.
Ambiente – O grupo da UEM recomenda evitar sobra de medicamentos em casa e caso isso ocorra o descarte deve ser adequado. Duas leis regulamentam o cenário dos medicamentos no Brasil: a Lei nº 5.991/1973, que dispõe sobre o controle sanitário do comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos; e a Lei nº 6.360/1976, que normatiza a vigilância sanitária a que ficam sujeitos os medicamentos, as drogas, os insumos farmacêuticos. As diretrizes que mais se aproximam das questões do descarte de medicamentos foram publicadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 306/2004, por exemplo, estabelece os parâmetros para o descarte correto de medicamentos, cosméticos e insumos farmacêuticos. Essas normas se aplicam aos estabelecimentos de saúde (veja abaixo). Porém, quando é a população que está envolvida, não há normativas. O Brasil ainda não possui uma regulamentação específica no âmbito nacional relacionada ao gerenciamento e à destinação final ambientalmente adequada de resíduos de medicamentos descartados pela população. “Frequentemente chegam dúvidas e reclamações nos serviços de atendimento aos usuários sobre a inexistência de critérios definidos e serviços estruturados para a devolução ou a coleta de medicamentos. Por isso, é necessário esclarecimentos. Esse é o objetivo do nosso projeto”, completa a professora Sueli. Ela ainda dá uma dica: “cada medicamento tem sua forma de descarte. Procure um local mais próximo que receba estes medicamentos, como a Unidade Básica de Saúde [UBS] e as farmácias”.
Como descartar corretamente os medicamentos• Líquidos (exceto antibióticos) - Devem ser descartados na água corrente do tanque, pia ou do vaso sanitário, e as embalagens descartadas diretamente no lixo após a lavagem; • Comprimidos, drágeas ou tabletes - Podem ser dissolvidos em água e descartados em água corrente do tanque, da pia ou do vaso sanitário, e as embalagens descartadas diretamente no lixo. • Antibióticos líquidos ou sólidos -Devem ser encaminhados a uma farmácia ou local responsável pela coleta. • Medicamentos especiais - Remédios controlados (tarja preta), antimicrobianos. hormônios, antineoplásicos, imunossupressores, digitálicos, imunomodulatores e antirretrovirais, devem ser encaminhados para locais responsáveis pela coleta: vigilância sanitária, UBS e prefeituras.