CINEMA

Projeto Um Outro Olhar apresenta o filme “Danação” neste sábado (19).

Projeto Um Outro Olhar apresenta o filme “Danação” neste sábado (19).
Filme será exibido no Auditório Hélio Moreira com entrada franca

O projeto Um Outro Olhar exibe neste sábado (19), às 20 horas, o filme “Danação”, no Auditório Hélio Moreira (anexo Paço Municipal). A entrada é franca e a classificação de 18 anos. Produzido na Hungria em 1988, a direção é de Béla Tárr.

Criado em 2000, o projeto Um Outro Olhar tem a proposta da exibição de filmes clássicos, alternativos e contemporâneos de arte para a reflexão acerca de inúmeras questões que fazem parte da condição humana.

O coordenador do projeto Um Outro Olhar, Paulo Campagnolo, comenta a obra. “O húngaro Béla Tárr (que completará 59 anos no dia 21/07) é considerado um dos maiores cineastas contemporâneos. Isto é fato e talvez bastasse para despertar o interesse pelos seus filmes. Dono de uma filmografia pequena, mas de consistência alarmante, ele tem no currículo algumas obras-primas incontestáveis: ′Satantango′ (de 1994, um ′épico′ magistral com 7 horas e meia de duração), ′As Harmonias de Werckmeister′ (de 2000) e ′O Cavalo de Turim′ (de 2011, que ganhou o Prêmio da Crítica e o Prêmio do Júri, em Berlim) - todos já exibidos pelo Projeto. Em 88, no entanto, ele realizou ′Danação′, o filme que o ′revelou′ ao mundo e que o Projeto exibe agora. Com seus longos, lentos e belos planos, Tárr narra uma história de amor (e traição), num lugar miserável da Hungria, onde o vazio, a solidão e o tédio dão as cartas. O personagem principal é Karrer, um homem desencantado com o mundo (e à beira do mais completo cinismo) que é apaixonado pela cantora de um bar local. Apesar de, por vezes, ela o aceitar como amante, acaba humilhando-o como homem - coisa que ele aceita de bom grado. Com suas paisagens (físicas e emocionais) absolutamente desoladoras, uma impecável direção de atores e planos que são verdadeiros triunfos cinematográficos, ′Danação′ é o primeiro trabalho de Tárr baseado no romancista (e, a partir disso, amigo) Lászlo Krashnahorkai, e conta com a colaboração do compositor Mihaly Vig (parceiro nos outros trabalhos) e da montadora e esposa Agnés Hranitzky. Num preto & branco suntuoso, o filme lembra as ′matérias pesadas′ de um Tarkóvski - na atmosfera densa e nos planos lentíssimos. Mas a ′metafísica′ de Bela Tárr talvez esteja mesmo mais próximo de um Fassbinder, no seu ímpeto de denunciar a desintegração do homem face ao seu entorno. E na Hungria, em 1988, ainda sob a égide do socialismo soviético, convenhamos: as coisas não eram nada fáceis. Um grande filme enervante, hipnótico, e, por vezes, surpreendente surrealista. No discurso do personagem principal parece não haver mais qualquer tipo de esperança para a humanidade. Talvez ele tenha mesmo razão. Inédito comercialmente no Brasil”.