POLÍTICA

Denúncia causa reviravolta na política em Maringá

Denúncia causa reviravolta na política em Maringá
Uma suposta reunião com esquemas de chantagem e cobrança de propina, uma denúncia ao Ministério Público (MP) e a suspensão de um programa eleitoral em TV. A reviravolta já nas esferas jurídica e policial na campanha de Maringá foi registrada esta semana depois que um candidato à Prefeitura denunciou o encontro de 10 donos de postos de combustíveis com o chefe de gabinete de João Ivo Caleffi (PT), que tenta a reeleição.

Postulante à chefia do Executivo marinagense pelo PTC, Rogério Mello encaminhou ao MP na segunda-feira um CD de áudio que ele garante ter recebido anonimamente em casa. O conteúdo revelaria um suposto encontro entre os empresários e o chefe de gabinete Alaércio Cardoso, o qual teria exigido uma contrapartida em gasolina para a campanha de Caleffi em troca da intercessão junto à Procuradoria de Defesa do Consumidor (Procon), cujo coordenador, Rogério Calazans, é ex-funcionário da Prefeitura e conhecido de Cardoso.

A gravação teria sido feita por um dos donos de postos presentes à reunião, co-autor na denúncia. A Folha teve acesso ao depoimento prestado ao promotor Maurício Kalache, que investiga a formação de cartel no setor em Maringá juntamente com o Procon. Como o material foi veiculado em horário eleitoral, Kalache repassou a fita à promotora Elza Sangale.

No depoimento, o dono de posto disse que Cardoso havia exigido 5 mil litros de gasolina para a campanha do PT pela ''reciprocidade'' no serviço. Isso teria acontecido já em uma segunda reunião, no último dia 27, posterior à realizada dia 10 agosto. Nessa, o chefe de gabinete teria pedido 1 mil litros de combustível, a serem rateados entre os empresários.

A Folha tentou contato com Cardoso durante toda a tarde, mas ele não foi localizado. O advogado da coligação de Caleffi, Max Meneghin, foi enfático em negar que tenham ocorrido quaisquer encontros do tipo. ''Não aceitamos essa hipótese porque a fita é ilegal, não recebemos uma gota de combustível e ainda por cima a montagem foi malfeita'', atacou, referindo-se a um suposto procedimento de Mello.

O PT maringaense conseguiu no mesmo dia da veiculação a suspensão do programa do PTC, com direito de resposta que vai ao ar hoje no um minuto e 15 segundos do adversário. A fita foi apreendida pela Justiça Eleitoral, cuja promotora Elza informou que estudaria ainda ontem quais procedimentos tomaria entre eles, até a perícia. ''Fraudes assim são fáceis de serem feitas, mas só amanhã (hoje) saberei mesmo o que fazer'', resumiu.

O candidato do PTC negou que tenha havido armação. ''Ou eu levava isso agora ao MP, ou a população saberia disso só depois das eleições'', declarou. ''Se minha iniciativa tivesse caráter eleitoireiro, tinha levado a fita ao ar antes de encaminhá-la ao MP. Como faria montagem se nem conheço quem fez a gravação?'', questionou Mello.

Folha de Londrina