A estimativa da Secretaria de Cultura é de que a tradicional festa junina do Seo Zico Borghi, promovida todos os anos em Maringá, reuniu no último domingo (23) cerca de 4 mil pessoas. O arraial é conhecido como um dos mais completos da cidade, oferecendo gratuitamente os elementos mais tradicionais, conservando as características originais das festividades rurais.A festa é organizada pela Prefeitura de Maringá desde 2005, quando se tornou patrimônio histórico imaterial do município. Todos os que acompanharam as festividades receberam kits com alimentos típicos.O arraial começou no final da tarde com a oração no paiol do sítio do seo Zico. Depois um grupo de fiéis seguiu em procissão para a Capela Bom Jesus (Gleba Pinguim) e se reuniu no local para erguer o mastro em homenagem aos três santos (Santo Antônio, São João e São Pedro).Durante toda a noite as famílias se divertiram com a quadrilha ao som da sanfona do pioneiro Tercílio Men, com as comidas típicas e outras atividades festivas. Entre as principais atrações estiveram a brincadeira do pau-de-sebo, missa, baile e a fogueira, cumprindo a tradição de pisar nas brasas ao final do evento.O secretário de Cultura, Jovi Barboza, marcou presença nas comemorações. Ele conta que a Prefeitura dá todo o respaldo para que o evento seja um sucesso. “A festa do Zico Borghi começou com os pioneiros da cidade e continua preservando as mesmas características culturais até hoje. Milhares de pessoas acompanham todos os anos mostrando que a comunidade reconhece esse mérito. Nada mais justo do que a Prefeitura apoiar e ajudar na realização dessa grande festa”, destacou.O “Seo Zico” - apelido dado ao pioneiro Annibal Borghi – lembra que a festa é uma forma de preservar as tradições. “Antigamente todas as famílias comemoravam os dias dos santos e aos poucos essa tradição foi acabando, mas nós continuamos com a festa junina da forma mais tradicional possível e a comunidade sempre participa”, finaliza.
Seo Zico BorghiSeo Zico, grande contador de causos, chegou em Maringá com 12 anos de idade, em 1946. Com a família que morava em Cornélio Procópio, veio para a cidade canção, atraído pelas propagandas da Companhia de Terras Norte do Paraná, em busca de uma terra fértil para colher as glórias do café.
Ele relata que como o trabalho era muito pesado, foi preciso encontrar formas que aliviassem o cansaço. As festas cumpriam essa função e promoviam o encontro da comunidade. Com o tempo, porém, deram espaço a outras manifestações. Em 1982, Seo Zico tentou reativar a tradição, realizando em seu sítio uma festa para poucas famílias. A iniciativa cresceu e continua atraindo muita gente. Deixou de ser no sítio do pioneiro, mas continua na zona rural.Seo Zico orgulha-se do feito e acredita ser o responsável por alguns casamentos que só aconteceram depois das simpatias para Santo Antônio feitas aos pés do mastro. O pioneiro garante que funciona.Até o ano passado a festa era realizada na escola municipal João Gentilin, mas este ano passará a ser na Capela.
HistóricoA festa junina do Seo Zico Borghi é realizada desde 1982 no sítio Boa Esperança – Gleba Pinguim, em homenagem aos três principais santos do mês: Antonio, João e Pedro. Seu idealizador e realizador é o pioneiro Aníbal Agenor Borghi, que chegou em Maringá com a família em 1946, quando ainda contava 11 anos, procedente de Cornélio Procópio.A lei nº 8111/2008, posteriormente alterada pela lei nº 8449/2009, transformou a festa em patrimônio histórico de Maringá, registrada no livro tombo como o primeiro bem cultural de natureza imaterial da cidade e, mais do que isso, do Estado do Paraná. De acordo com o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), “O Patrimônio Imaterial é transmitido de geração em geração e constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade, contribuindo assim para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana”.