Nos últimos 13 anos o País reciclou mais de 246 mil toneladas de embalagens. Atualmente, o Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (Inpev), ONG responsável pela destinação final do material, recolhe 94% do total descartado. O Inpev encaminhou em 2012 mais de 19,5 mil toneladas de embalagens vazias de agrotóxicos para o destino ambientalmente correto. Cinco estados brasileiros representam 70% do total destinado, entre eles o Paraná, com a marca de 98% das embalagens utilizadas em campo totalmente recicladas. Os outros estados que completam a lista são: Mato Grosso, São Paulo, Goiás e Minas Gerais. Isto é resultado do trabalho silencioso que engenheiros agrônomos e assistentes técnicos realizam diariamente no campo, ao lado dos agricultores. Esta é a avaliação do engenheiro agrônomo Irineu Zambaldi, diretor técnico executivo da Associação Norte Paranaense de Revendedores Agroquímicos (Anpara).“Na Associação são mais de 300 profissionais do Sistema CONFEA/CREA e gerenciadores contribuindo neste trabalho, passando instruções aos agricultores em cada assistência, nas palestras, dias de campo”, diz. Esta rede ainda é composta por profissionais da Emater, de empresas de planejamento agro, fabricantes e autônomos. A destinação correta das embalagens diminui os riscos à saúde das pessoas e a contaminação do meio ambiente. Cerca de 93% das embalagens são laváveis, em um processo rápido e simples, chamado de Tríplice Lavagem, e o correto procedimento nesta fase é de fundamental importância para o reaproveitamento do material. “Essas embalagens quando tríplice lavadas são recicladas, podendo voltar como uma nova embalagem ou em outros tipos de materiais”, diz o vice-presidente do CREA-PR, engenheiro agrônomo Osvaldo Danhoni. Os materiais não laváveis, como sacos flexíveis ou produtos viscosos, também merecem um cuidado especial. As embalagens devem ser esvaziadas, tampadas, não furadas e acondicionadas em sacos de resgate próprio – big bags – para armazenamento na propriedade, transporte e posterior devolução. “O agricultor terá um ano para devolver a partir da data da compra. Na nota fiscal é indicada a obrigatoriedade da devolução e o endereço da unidade recebedora”, complementa Zambaldi. Para atender aos agricultores em todo o Paraná há um sistema de recebimento de embalagens, o Transbordo Itinerante, que se desloca aos municípios em datas agendadas. São 12 Associações no Estado que garantem o atendimento de todos os municípios por 14 centrais e 58 postos de recebimentos.
Somente a Anpara é responsável por 32 cidades na região de Londrina, e a unidade de Cambé recebe mais de 900 mil embalagens por ano, o que representa 330 mil quilos de materiais destinados à reciclagem. “Em dez anos de operações, recebemos 10 milhões de embalagens”, diz Zambaldi. Segundo o inpEV, 94% das embalagens vazias são recolhidas no pós-consumo e têm destinação correta no Brasil. Em uma década, o Sistema Campo Limpo destinou mais de mais de 220 mil toneladas de embalagens de agrotóxicos. Isto representa, por exemplo, que 250 mil toneladas de CO2 deixassem de ser emitidas ao meio ambiente, ganho que corresponde a uma economia de 571 mil barris de petróleo. “O Brasil é o exemplo para o mundo no recolhimento de embalagens vazias de agrotóxicos, onde toda a cadeia produtiva está inserida no processo”, finaliza Danhoni.
LegislaçãoAs embalagens de agrotóxicos são recolhidas desde 2002. A nova legislação federal determina a responsabilidade da destinação final de embalagens vazias para o agricultor, o fabricante e o revendedor. Antes da legislação, as embalagens eram enterradas ou queimadas, de acordo com a nova regra, o produtor deve lavá-las e perfurá-las para evitar a reutilização. Esse recipiente pode ficar armazenado na propriedade por no máximo um ano. O revendedor tem a obrigação de indicar os postos de recolhimento na nota fiscal e o fabricante de recolher e dar a destinação final ao material.
Meio AmbienteO estudo feito pelo Inpev mostra que desde a criação do Sistema Campo Limpo, 250 mil toneladas de dióxido de carbono deixaram de ser emitidas no meio ambiente.As unidades responsáveis pelo reaproveitamento do material produzem outros 20 tipos de produtos, como tubos para fiação, para cabos subterrâneos e tubos para irrigação. Com a reutilização, a maior parte das embalagens destinadas à reciclagem é transformada em novas embalagens utilizadas pelos próprios fabricantes de agrotóxicos e defensivos.