COMÉRCIO

Feiras livres querem mudar para sobreviver

Apenas duas bancas de pastel estavam armadas na manhã de ontem na feira livre da Praça Emiliano Perneta, na Vila Operária.

Nada de frutas, verduras ou grãos.

Talvez fosse por causa da chuva, mas, mesmo em dias ensolarados de verão, a praça não reúne mais do que cinco feirantes.

Há cerca de dez anos este mesmo local reunia mais de vinte feirantes.

A drástica redução, causada por uma mudança de cultura da própria população, levou os poucos remanescentes da feira da praça Emiliano Perneta a pedirem a mundança do horário de funcionamento para o período noturno.

Com isso, a expectativa é que a feira reúna cerca de 30 bancas, aliando artesanatos com os tradicionais legumes, verduras, frutas e pastéis.

"A freqüência das feiras livres está caindo, mas nas que funcionam à noite o número aumenta a cada semana.

Alguns feirantes que deixaram de trabalhar pela queda de movimento estão voltando para as feiras noturnas.

As feiras livres, que funcionam no período da manhã, sobrevivem mais pela tradição", explicou Mário Mituo, presidente da Associação dos Feirantes de Maringá.

As feiras livres, que são realizadas das 7 às 11h30, tem uma frequência de 200 a 500 pessoas de segunda à sexta.

A exceção acontece aos sábados e domingos, quando em algumas feiras, como a da avenida Mauá, o público ultrapassa 10 mil pessoas.

As feiras Pôr-do-sol, com funcionamento das 17 às 21 horas, têm uma frequência média diária de duas mil pessoas.

Maringá possui 39 feiras de quatro tipos diferentes: do Produtor, Verde, Livre e Pôr do Sol.

As duas primeiras reúnem apenas produtos cultivados pelos próprios feirantes.

As outras duas reúnem diferentes tipo de produtos, de frutas e verduras até roupas e miudezas e se diferenciam pelo horário de funcionamento.

A primeira abre pela manhã e a segunda no período noturno.

Os quatro tipos juntos geram quase 3 mil empregos diretos.

Nem mesmo as promoções de frutas e verduras realizadas por supermercados prejudicam as feiras noturnas.

Nestes dias as feiras não vendem bem apenas os ítens anunciados pelos supermercados.

Nos outros não há uma mudança significativa.

"No mercado as pessoas não têm certeza que irão encontrar qualidade e também gastam mais tempo comprando.

Na feira o ambiente é melhor e eles têm a certeza de que encontrarão um bom produto.

E as pessoas ainda podem chegar e penchinchar o preço com o feirante, o que é bastante comum", explicou Mituo.

Para o diretor de agricultura da Secretaria de Meio Ambiente e Agricultura de Maringá (Semaa), João Henrique Nakai, o grande sustentador das feiras são as hortaliças.

"O cliente quer um produto fresco, de qualidade e com garantia de procedência.

O grande diferencial da feira é a qualidade e o atendimento e é por isso que ela persiste até hoje", disse.

A coordenadora das feiras da Semaa, Ana Paula Meger Capelasso, acredita que a feira, principalmente a noturna, se tornou um ambiente de socialização, não apenas entre o feirante e o seu público, mas entre a própria população.

"É um ambiente agradável, com opções variadas de alimentação, como tapioca e pastel, junto com produtos frescos e de qualidade.

Estes são os grandes diferenciais das feiras", explicou.

Para organizar e otimizar a situação das feiras , a Semaa está cadastrandoos feirantes.

Isso possibilitará conhecer quais os produtos estão em falta em um determinado período do ano e não permitir que o funcionamento de uma feira interfira na outra.